Um evento político, sem fins partidários, surpreendeu o público que foi à praia do Cabo Branco, em João Pessoa, neste domingo (7). Cerca de 200 pessoas ligadas ao movimento negro e às religiões afro saíram em caminhada contra a intolerância religiosa praticada no Estado e em defesa do direito da liberdade de culto.
Com o tema: “É direito de todos escolher e praticar sua religião”, os manifestantes saíram às 9h do Busto de Tamandaré e seguiram até a praça de Iemanjá. Um percurso de quase quatro quilômetros, que durou cerca de duas horas de caminhada. Durante todo o trajeto, os participantes entoaram cânticos de matriz afro e falaram da importância do respeito entre as religiões.
Seguindo a tendência de outros Estados, o movimento pioneiro na Paraíba teve uma motivação extra para o seu surgimento: o uso indiscriminado das religiões nas eleições deste ano. O que inicialmente foi usado como difamação na campanha, acabou servindo para incentivar a prática do racismo e da intolerância religiosa.
Intolerância nas eleições
No segundo turno das eleições para governador, o twitter oficial do comitê jovem do candidato José Maranhão (PMDB) divulgou o link de um vídeo que acusava o seu adversário, Ricardo Coutinho (PSB) de ser membro de religião afro, e que estes cultos eram ligadas ao demônio.
Dias depois, panfletos apócrifos foram espalhados em todo o Estado, reforçando a mesma tese, e usando ainda termos pejorativos, como ‘satanista’ e ‘macumbeiro’. Ainda durante o segundo turno, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma nota de repúdio contra as manifestações de intolerância religiosa e racismo praticados na Paraíba.
De acordo com o professor Antonio Novaes, titular do Programa de Pós-Gradação em Ciências das Religiões, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o movimento deu um grande passo na luta por um Estado laico.
“Hoje a comunidade de religiões de matriz africana e afro-indígena viveu um dia de grande importância, pois veio à rua protestar contra os recentes atos de intolerância religiosa vividos durante a campanha eleitoral. A caminhada pela orla é uma veemente forma de protesto de religiosos que convivem diariamente com a intolerância e o preconceito e exigem respeito a sua religião”, disse Novaes.
Matéria publicada no portal Paraíba 1.
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1 menção
Awo Ifakoya Oyekanmi Aworeni - Mario de Sá disse:
julho 23, 2011 em 1:52 pm (UTC 0)
Prezada Irmã,
Aboru Aboye Abosise!
É com grande preocupação que vejo essa movimentação de bancadas evangélicas por dentro de nossa politica, sempre ignorando o fato de que existimos em um territorio Laico e Soberano onde, ao menos em tese, a liberdade de culto deveria não ser levada em conta como “curriculum” politico.
Há anos venho chamando a atenção de amigos e familiares para essa “manobra diabólica” desses hipócritas que proclamam meias verdades como pérolas de sabedoria, incitando a discórdia, o preconceito, tentando nos marginalizar à todo custo impingindo a nós (que pensamos por si mesmos e não dependemos de iletrados, amorfos e sem tempero algum para nos ditar o que fazer! Arrotando suas verdades MORTAS de um livro perdido em diversas traduções tendenciososas!) a alcunha de adoradores do demionio! Demoniio esse alias, que em uma analize mais profunda, nos revela a antitese que eles tanto temem: O DIREITO DE ESCOLHER NOSSO CAMINHO E PENSARMOS LIVREMENTE COMO NOS ASSEGURA A CARTA DOS DIREITOS HUMANOS DAS NAÇÕES UNIDAS!
Aqui em São Paulo tenho assistido inumeras tentativas por partes destes “santos homens” de cercearem nossos direitos. A mais recente ocorreu no ano passado na cidade de Piracicaba, onde a bancada evangélica, apoiada por sociedades de proteção aos animais tentaram incluir emendas anticonstitucionais em uma lei orgânica contra tortura de animais, ignorando as leis de nossa petria constituição, impedimentos e constrangimentos para os praticantes dos diversos segmentos africanistas que quizessem realizar seus rituais de sacrifios! Gastaram recursos publicos em três sessões solenes para votar tal lei absurda e mais uma a titulo de protesto, contra o veto feito pelo prefeito Barjas Negris a tal absurdo anticonstitucional! A burrice e intransigencia deles parece desconher quaisquer limites,uma vez que são anarquistas (baderneiros mesmos) que ignoram nossas leis,uma vez que seguem a Lei de Deus que , segundo regurgitam os podres pastores, é superior à lei dos homens!
Conte comigo irmã para o que precisar na divulgação de tais absurdos!
Sincera e Fraternalmente
Awo Ifakoya Oyekanmi Aworeni – Babalawo Chefe do Ile Ifa Olokun Asoro Dayo
Membro da Fraternidade Ogboni