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jan
27

Transcendência

Nosso papo hoje será sobre a Fé.
Penso que a fé seja a nossa força motriz de um todo, eu sobre minha fé posso falar que é a atuação das forças dos Orixás na minha vida.
Ultimamente tenho tido um cuidado redobrado ou cuidadoso em me colocar no lugar das pessoas que estão próximas a mim, me pego refletindo em como sentem suas dores e qual seria o tamanho delas. Estão longe de serem dores físicas.
Sim algumas dores são pequenas, outras de um tamanho que por mais que eu tente não saberia dimensionar, pois estaria invadindo um espaço que não seria o meu, uma historia de vida que não vivi.
Mas acreditem apesar de ser uma sacerdotisa, assim como todos vocês em um menor ou maior grau, eu também senti dor, a dor do medo, de um fracasso, de uma perda, despedida, até a dor de um amor, por vezes a dor que dói no meu próximo e eu queria que fosse minha.
A vida tem muitas cores, estamos passando por ela, nestes matizes existem ventos que são brisas, dias em que a terra fria nos acalma que um tantinho de água fertiliza dias em que existem sorrisos, dias de músicas quando faltam pessoas, ainda assim garanto nos não estamos sós, temos nosso Orixá.
Mas diante desta complexidade e de um modo quase incompreensível que é o ser humano e sua natureza, há a dor, existe a possibilidade de um sofrimento, desespero, ansiedade que tenta matar nossa esperança. E quando nos vemos neste túnel em desespero, ele é árido, áspero, escuro, lá no fim sempre tem uma luzinha, às vezes incandescente, às vezes fraca, quase apagada eis sua Fé.
Em uma conversa com um amigo, refleti sobre a fé, ela é como nossos pais, falo no sentido de um cuidado para com a gente, de um cuidado que só os pais têm: incondicional, um modo de cuidar que nunca nos abandona que daria a vida por seus filhos, que mesmo quando desrespeitada permanece, até mesmo quando não é valorizada como deveria, mas continua ao nosso lado, nos da colo, acalenta, gera a força que necessitamos para continuar em nossa batalha cotidiana então só nos cabe continuarmos na batalha ou aceitarmos nossa derrota.
É meus filhos por vezes perder é inevitável até para nós que temos uma fé enorme em nossos orixás, nos que alimentamos nossa fé, que colocamos nosso orixá como um guia, um principio norteador em nossas vidas.
Me pego achando graça quando escuto leigos e por que não até religiosos me questionarem sobre os percalços que passei e passo em minha vida, pensam que por ser uma sacerdotisa sou privilegiada e, por conseguinte eu não passaria por dificuldades. E quão duras dificuldades.
Mas me diga meu filho em que momento desta vida eu falei que os orixás diriam que á vida é fácil?
Já vivi em minha vida muito riso e tanto choro com meu orixá, neste momento eu vivo um momento de agradecimento, um sentimento de plenitude é só sorriso para meus orixás, mas também passo pelo momento da dor.
Sim eu já tive meus dias de deitar meu Ori pra chorar aos pés do orixá, mas eu me senti acolhida, abraçada, acalentada por ela, não me levantei com a dor curada, meu problema resolvido, mas sentia uma força, minha fé sempre foi revigorada para que eu seguisse adiante, para poder olhar para a vida e ver que ela não é perfeita, porem tenho certeza e muita fé que sempre recebi de Oxum o meu melhor, aprendi a lutar com determinação, amar com todo amor, sorrir com todo meu sorriso, abraçar com todo meu abraço, viver com toda minha vida e acreditar com toda minha Fé.
Reflitamos meus filhos no auge de uma tempestade, que você jura que não vai passar, mas acredite passa. Sei que pode demorar, mas passa. E com sua fé, com as energias de seus orixás, tudo vai se ajeitando, se amenizando, e o céu nublado vai se abrindo e dando lugar para um céu azul a principio timidamente, mas creia passa. E logo você vai escutar o barulho das águas nos mostrando fluidez e regeneração, o vento nos convidando a renovação e a natureza como um todo nos mostrando que há continuidade.
Nossos orixás sempre cuidam de nós durante nossa dor, sofrimento, neste momento eles estão reabrindo nossos olhos, desconstruindo nossos olhares e nos mostrando que como seus filhos nós nãos somos fracos para desistir agora, os orixás sempre estão a postos para devolver a força e a capacidade de um novo recomeço.
Enfim, hoje eu elevo meu pensamento, rezo e peço aos orixás para que nós nunca percamos esta sensibilidade, nossa capacidade de acreditar na Fé, de sentir a voz que vem de seu orixá dizendo: acredite e tenha calma meu filho, pois você não esta só.
Lembre-se que Olorum nos deu a vida, temos um mundo e uma grande força: nosso Orixá. Adupé Otixá Oxum.
Axé

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