Nanã teve uma criança. Tão negra era sua pele que reluzia na luz do céu, parecia uma pequena pérola nos braços de Nanã. Porém tanta pureza era acometida de uma peste, a varíola. Nanã não suportava ver seu filho naquele estado e o levou para a praia, aonde o deixou na beira do mar e se foi. O sangue começou a atrair os caranguejos, que beliscavam sem dó a indefesa criança.
Nesse momento em alto mar Iemanjá penteava seus cabelos, quando ouviu o pranto do inocente. Iemanjá se fez onda para chegar em tamanho desespero. Quando viu, era uma linda criança que ela logo pegou em seus braços. Mas o que fazer com um bebê? Iemanjá vivia no mar e não o podia levar para as profundezas tão novo. Levou-o então para uma gruta, aonde passou a criá-lo alimentando-o com pipoca, já que de tão pequeno não podia comer peixe. Foi também a um babalaô que a mandou cobri-lo com palha da costa para que amenizasse suas feridas. Cresceu, virou rei, feiticeiro e Iemanjá fez questão de levá-lo até Nanã. Ao ver sua mãe de sangue a abraçou com todo o amor que tinha também a Iemanjá, e Nanã fez o mesmo.
Em nenhum momento Obaluaê odiou Nanã pelo seu ato. Nem Iemanjá julgou-a por isso. Nanã é a mãe da Terra e para fazer nascer, para tirar dos domínios da morte ela precisa expulsar do seu reino, da Terra, para a vida. Iemanjá foi a encarregada de cuidar dessa nova vida e guiá-la, afinal é a mãe dos orixás.
Salve o rei da Terra! Atotô!
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