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REIVINDICANDO OS DIREITOS II

Matéria do Jornal Diário de Pernambuco de 22 de agosto de 2012, no editorial, sobre o seminário “O Povo de Terreiro Discute Absurdos da Intolerância Religiosa”.

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REIVINDICANDO OS DIREITOS

Matéria do Jornal Folha de Pernambuco de 22 de agosto de 2012 no caderno Grande Recife, 1° página, sobre o seminário “O Povo de Terreiro Discute Absurdos da Intolerância Religiosa”.

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Aiye e Orum: os níveis de existência

Segundo diversos mitos, em épocas remotas, o aiye e o orum não estavam separados. A existência não se desdobrava em dois níveis, e os habitantes dos dois mundos podiam passar livremente de um espaço para outro. Foi devido a uma falta, à violação de uma interdição que os dois níveis se separaram, impedindo os homens de irem livremente ao orum e de lá voltar. Este mito também explica o surgimento do candomblé, a religião dos orixás.

Vejamos o mito:

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas. O céu imaculado do Orixá fora conspurcado. O branco imaculado de Obatalá se perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum. Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.

Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não poderiam vir à Terra com seus corpos.  Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram. Os orixás tinham saudade de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados. Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra. Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos. Foi a condição imposta por Olodumare.

Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás. Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás. Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos. Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas. O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés. O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais. Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás. Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.

Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara. As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses. Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas. Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos. E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam. Os orixás podiam de novo conviver com os mortais. Os orixás estavam felizes. Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam. Estava inventado o candomblé.

 

FONTE: Revista RAPADURA – Uma pesquisa de Edson Fabiano Santos que é graduado em Teologia, Licenciado em Filosofia, Pós-Graduado em Ética, Subjetividade e Cidadania (Sociologia e Psicologia) Mestre em Ciências da Religião na área de Teologia e História.

Para mais aprofundamento na leitura acessem o link abaixo:

http://www.revistarapadura.com/2012/03/cosmovisao-e-mitologia-africana.html

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Seminário O Povo de Terreiro Discute Absurdos da Intolerância Religiosa em Pernambuco

A partir de uma convocação do Quilombo Cultural Malunguinho, foi criada a Comissão de Acompanhamento Contra a Intolerância Religiosa de Pernambuco, composta por diversas instituições e terreiros comprometidos com a garantia da cidadania plena das comunidades tradicionais das religiões de matrizes africanas e indígenas.

Com o pensamento de combater, discutir e propor soluções contra a intolerância religiosa, o racismo aos terreiros e às tradições negras e indígenas, é que esta Comissão articulou e realizará o seminário “O Povo de Terreiro Discute Absurdos da Intolerância Religiosa em Pernambuco”, no intuito de promover um debate amplo com diversas lideranças e instituições sobre estes temas urgentes de nosso cotidiano.

Nos últimos meses as religiões de terreiro em Pernambuco têm sofrido profundas agressões à sua moral coletiva, ao seu patrimônio material e imaterial e a sua dignidade e liberdade de culto. Perante estes fatos registrados amplamente pela mídia sensacionalista, temos o triste dado de que 7 (sete) terreiros de Jurema e Umbanda foram saqueados e destruídos no município do Brejo da Madre de Deus por vândalos movidos pelo ódio religioso estimulado e manipulado contra nossa religião. Todo este fato consolidou-se devido à associação absurda feita pela mídia pernambucana ao assassinato cruel do menino Flanio, de nove anos de idade, com supostos rituais de “magia negra” ou de terreiro realizados por supostos “pais de santo”.

Perante esta grave problemática o povo de Terreiro de Pernambuco não poderia calar e se omitir. Portanto, este, se reunirá dia 21 de agosto de 2012, no Palácio de Iemanjá (Casa de Pai Edu) no Alto da Sé em Olinda/PE, das 14 às 20h para promover este debate junto às diversas representações nacionais do povo de terreiro, entidades de direitos humanos federais e instituições representativas da luta contra o racismo e intolerância religiosa.

Serão problematizados principalmente os temas relativos à mídia e sua contribuição ao racismo e intolerância religiosa. O ódio religioso e o racismo, e, como o Povo de Terreiro pode combater estas questões.

Realizar este seminário no Palácio de Iemanjá (Casa de Pai Edu) é uma forma de reconhecer o indelével e imenso trabalho que este histórico babalorixá e juremeiro realizou para todo povo de terreiro do Brasil. Em sua homenagem estão dedicadas todas nossas discussões e lutas.

Contamos com sua valiosa participação. Todas e todos são muito bem vindos neste processo de afirmação e luta pelo direito à liberdade de culto e crença dos povos tradicionais de terreiro do Brasil.

Não podemos voltar à Idade Média com este caça as bruxas do século XXI no Brasil!

 

 

 

Programação (pode haver alterações):

 

Seminário: Povo de Terreiro Contra a Intolerância Religiosa

Dia 21 de Agosto de 2012 das 14 às 21h.

Local: Palácio de Iemanjá – Alto da Sé, Olinda/PE.

Horário: 14 às 21h

 

Cerimonial: Mãe Nete e Jamesson Reis

14h Abertura – Saudação Ritual (Paulo Brás, Sandro de Jucá)

Coordenação da Mesa: Carlos Salles;

 

14h10 – As Bases da intolerância, para entender o processo! Com Alexandre L’Omi  L’Odò – Juremeiro e Omo Òsún, graduando em História pela UNICAP, pesquisador do INCTI – UnB – Universidade de Brasília, membro da coordenação do Quilombo Cultural Malunguinho.

14h20 – As Recentes agressões as Religiões de Matriz Africana e indígena em Pernambuco com o Babalorixá Érico Lustosa, Omo Ogum, Filosofo, Professor de Ética do Direito, mestrando em Ciências das Religiões – UNICAP;

14h30 – A Intolerância pelo Brasil, casos de intolerância a nível Nacional, com o Babalorixá Alexandre de Oxalá Coordenador da Rede Afrobrasileira Sociocultural (http://redeafrobrasileira.com.br/);

15h40 – Debates para tirar duvidas

16h15- Intervalo para lanche regional

16h30 – O Papel do Estado no enfrentamento à intolerância Religiosa. Coordenação da Mesa: Leandro Tavares de Xangô (QCM). Vídeo Conferência com a Sra. Marga Janete Ströher, Assessora da Política de Diversidade Religiosa da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República e Prof. Dr. Carlos André Cavalcanti, Departamento de Ciências das religiões da UFPB e Membro da Comissão de Combate da Intolerância Religiosa da presidência da República.

16h45 – O Papel do Povo de Terreiro no enfrentamento a Intolerância Religiosa (vídeo conferência via RS) com Professor Jayro de Jesus Omo Oguiã, Teólogo da tradição de Matrizes Africans e Indígenas, coordenador da ATRAI e membro da Comissão de enfrentamento a Intolerância da presidência da Republica e os sacerdotes e lideranças políticas do povo de terreiro do Batuque do RS Baba Dyba e Egbon Esu Olumide.

17h00 – Debates para tirar duvida

 

17h30 – Imprensa pernambucana, novas perspectivas de enfrentamento a intolerância (“A mídia tem que ter cuidado no que diz”!). Coordenação da Mesa: Mary Anne (CEDESPE). Ivan Mauricio Jornalista e editores dos Jornais (Ivanildo Sampaio do JC, Henrique Barbosa Editor Geral da Folha de Pernambuco e ou editor do Diário). (Falta confirmar)

18h00 – Debate para tirar duvidas

18h30 – Considerações finais

18h45 – Ceia de confraternização com a Cheff Iyabassé Dona Carmem Virginia

19h15 – Apresentação cultural do Afoxé Omo Nilé Ogunjá

20h00 – Roda de coco de Jurema com o Grupo Bojo da Macaíba

21h00 – Encerramento

 

 

Informações: 81. 8887-1496 / 9428-4898

alexandrelomilodo@gmail.com

www.qcmalunguinho.blogspot.com

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ERINLÉ

Erinlé (Erínlè) é uma divindade Yorubá cujo culto se localiza junto do rio com o seu nome, um afluente do rio Osùn (Oxum) que atravessa Ìlobùú, uma cidade do sul da Nigéria Ocidental, Ogbomoxo e Oxogbo, centro de comércio de produtos agrícolas como inhame, milho, mandioca, óleo de dendê, abóbora, feijão e quiabo. Caçador, pescador e médico-botânico, neste aspecto muito similar a Osanyin (Ossain), pelo que o cajado dos sacerdotes de Erinlé (òsù-erínlè) assemelha-se ao cajado dos sacerdotes de Ossain.

Embora possa ser descrito como uma divindade hermafrodita, nas terras Yorubás é cultuado como uma divindade masculina. No candomblé Ketu, no Novo Mundo, Erinlé é apresentado muitas vezes como Òsóòsì (Oxóssi) Ibualama, um velho caçador, ou como Inlé, um jovem delicado. Certo é que Erinlé mora na floresta como Ossain e Oxóssi, possuindo ainda ligação com Okô, o Orixá da agricultura, e ao mesmo tempo nas águas como Yemanjá, Oxum e Otin. Dessa ligação com as águas se diz que Erinlé mora onde a água doce se encontra com a água salgada. Erinlé seria acompanhado por Abatan, sua contrapartida feminina, metade do equilíbrio masculino-feminino. Na Nigéria Erinlé tem vários caminhos (ibú): ojútù, Álamo, Owáálá, Abátàn, Ìyámòkín, Àánú.

Lenda de Erinlé:

Orunmilá consultou Ifá, antes de deixar Ifé, para ir a um país de vales.

Os adivinhos lhe disseram:

“Neste país de vales, onde pretendes ir, encontrarás um bom amigo.

Deves fazer oferendas antes de partir, para que tua viagem seja feliz.”

Orunmilá fez as oferendas. Ele ofereceu quatro pombos e oito mil búzios da costa.

Quando ele chegou lá, quando Orunmilá chegou naquele país de vales, ele tornou-se amigo de Erinlé.

Erinlé é um caçador. Erinlé é também um guerreiro. Erinlé é, além de tudo, um orixá. Esta amizade foi grande. Erinlé tomou dinheiro emprestado a Orunmilá. O montante deste empréstimo foi de doze mil búzios. Quando chegou a hora de Orunmilá retornar à casa de Ifé, Erinlé teria de reembolsar o empréstimo. Mas ele não tinha dinheiro. Ele sentiu vergonha e foi consultar Ifá.

“Onde poderei encontrar este dinheiro?”

Os adivinhos lhe aconselharam a oferecer um carneiro, um galo e um cachorro. Disseram-lhe, ainda, que deveria oferecer vinte e um sacos de búzios da costa.

Erinlé exclamou:

“Ah! Já devo doze mil búzios! Onde poderei encontrar todas estas coisas?”

Erinlé tinha um talismã nas mãos. A qualquer momento ele poderia, graças a este talismã, transformar-se em água. Quando ele assim o desejasse.

Erinlé foi, então, ao lugar onde costumava caçar. Pôs o talismã no chão e entrou terra adentro. Neste lugar havia uma jarra com água. Seus filhos o procuraram durante muito tempo. Eles foram consultar Orunmilá para que ele examinasse o caso. Orunmilá lhes disse:

“Façam oferendas para encontrar vosso pai. Talvez não o vereis mais, Mas encontrarão um sinal dele.” Disse-lhes, ainda, Que oferecessem sete cachorros, sete carneiros, sete galos e Vinte e um sacos de búzios da costa. Os filhos de Erinlé fizeram as oferendas. Orunmilá lhes dissera, também, que deveriam ir com os carneiros, os cães e os galos, chamar pelo pai. E eles foram. Percorreram todos os lugares onde Erinlé costumava ir. Quando chegaram ao local onde Erinlé entrara terra adentro, Encontraram seus instrumentos de caça: Fuzil, lança, arco e flechas. Todo o material que ele usava para caçar. E, bem no meio disso tudo, eles viram a jarra com água.

Esta água começou a escorrer.

Esta água era abundante.

Os filhos saudaram o pai assim:

“Oh! Erinlé, o caçador, retorne à casa! Nós oferecemos carneiro, cachorro e galos!”

E chamaram Erinlé, sem descanso. Quando eles ofereceram estas coisas, o rio os seguiu no caminho de casa. Erinlé lhes disse para deixar os galos livres, no lugar onde os encontraram.

Os galos que naquele dia eles deixaram livres, são os galos que Erinlé cria perto de seu rio, até hoje. Ninguém ousa mata-los. Certa vez, pessoas ignorantes mataram alguns. Mas os galos ressuscitavam sempre. Desde que o prato estivesse pronto, Os galos saltavam da tigela, Batiam novamente suas asas – Puf! Puf! Puf! E iam empoleirar-se numa árvore Akô, Cantando de novo seu cocoricô!

No mesmo momento em que Erinlé, o rio, se pôs a correr, Oxum preparava-se para partir da cidade de Ijumu. Ela também se pôs a correr. E eles se encontraram perto de Edé. Ali onde se encontraram, o leito destes rios é suave – eles estão felizes. E o curso de ambos tornou-se um mesmo. Juntos, eles correm para a lagoa.

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CONVIDAMOS A TODOS!

 

PRÓXIMO SÁBADO NOSSA CASA ESTARÁ EM FESTA E É COM ESSA ALEGRIA QUE ESTAMOS CONVIDANDO A TODOS PARA COMPARTILHAR ESTE MOMENTO DE MUITO AXÉ. SEJAM BEM VINDOS Á NOSSA CASA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por: Andréa Gisele

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JOÃO PESSOA RECEBE ENCONTRO NORDESTINO DE MULHERES DE TERREIROS

 

FOTO: FABIANA VELOSO

No Brasil, as religiões de origem africana, especialmente o candomblé, foram dominadas pelas mulheres. Comumente chamadas de “mães de santo”, as yalorixás, também são consideradas nos ambientes dos terreiros como zeladoras ou cuidadoras dos orixás, inkices, vodunces e outras entidades e guias espirituais. Parte dessas sacerdotisas que atuam no Nordeste brasileiro estarão em João Pessoa, participando de um encontro, entre os dias 10 e 12.

A abertura do evento vai ocorrer na noite desta sexta-feira, 10, na Fundação José Américo, na praia do Cabo Branco, a partir das 19 horas. No dia seguinte estão previstas “salas de conversas” e plenárias.

Segundo a Yá Dagã Dulce de Oyá, uma das organizadoras do evento, a intenção é promover o intercâmbio religioso entre as mulheres do candomblé, umbanda e da jurema sagrada na região.

No sábado, 11, uma das discussões vai girar em torno do tema “Direitos humanos no resgate à ancestralidade”. As mulheres de terreiros paraibanas e do Nordeste devem discutir no evento ainda questões sobre ética religiosa, autoafirmação religiosa e sustentabilidade.

 

SERVIÇO

III  ENCONTRO PARAIBANO DE MULHERES DE TERREIROS

II  ENCONTRO NORDESTINO DE MULHERES DE TERREIROS

LOCAL: Casa de José Américo de Almeida – Cabo Branco

DATA: 10 a 12 de agosto

Abertura, dia 10, a partir das 19 horas aberta ao público.

Salas de conversas e plenárias: 11 e 12

Das 08h00min às 17h00min horas

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Ilê Axé Opô Afonjá

 

A história do Terreiro do Axé Opô Afonjá ou Terreiro de Candomblé do Axé Opô Afonjá ou ainda Ilê Axé Opô Afonjá,  assim como a do Terreiro do Gantois, está intimamente vinculada ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. Este é o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que, segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações.

Um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca, comandado por Eugênia Anna dos Santos, fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Kêtu do Axé Opô Afonjá. O terreiro ocupa uma área de cerca de 39.000 m2. As edificações de uso religioso e habitacional do terreiro, ocupam cerca de 1/3 do total do terreno, em sua parte mais alta e plana, sendo o restante ocupado pela área de vegetação densa que constitui, nos dias de hoje, o único espaço verde das redondezas.

Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá Por força da topografia do terreno, as edificações do Axé Opô Afonjá se distribuem mais ou menos linearmente, aproveitando as áreas mais planas da cumeada, tornando, no acesso principal, um “terreiro” aberto em torno do qual se destacam os edifícios do barracão, do templo principal – contendo os santuários de Oxalá e de Iemanjá -, da Casa de Xangô e da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos. A organização espacial do Axé Opô Afonjá mantém as caracteríticas básicas do modelo espacial típico do terreiro jejê-nagô.

Esses mesmos elementos, são também encontrados nos terreiros da Casa Branca e do Gantois, apenas com uma diferença: no Axé Opô Afonjá o barracão é uma construção independente, ao passo que nos dois outros terreiros ele está incorporado ao templo principal.

Sacerdotisas do Ilê Axé Opó Afonjá:

* Mãe Aninha – 1909-1938

* Mãe Bada de Oxalá – 1939-1941

* Mãe Senhora – 1942-1967

* Mãe Ondina de Oxalá – 1969-1975

* Mãe Stella de Oxóssi – 1976

Em 1976, sobe ao trono do Ilê Axé Opô afonjá, a então Colabá (um cargo feminino importante que zela por apetrecho consagrado a Xangô) da casa, Stella Azevedo dos Santos, filha de Oxóssi, que fora iniciada por mãe Senhora de Oxum, tendo como nome religioso Odé Kaiodê, que quer dizer em português “O caçador trouxe alegria“.

A partir daí e até a presente data, o afonjá mantém-se dentro dos princípios construídos por Iyá Obá Biyi, mesmo sofrendo relevantes mudanças estruturais (fundamentalmente em seu aspecto geofísico), e até algumas reformulações em torno dos seus rituais, o que é natural no “caminhar” do tempo histórico.

Talvez mãe Stella tenha sido a mais política das ialorixás deste terreiro, e é a mais intelectualizada do que todas anteriores; escreveu livros, atuou publicamente contra o chamado sincretismo religioso que une a imagem de santos católicos à de orixás, construiu escola, biblioteca, idealizou o museu Ilê Ohun Lailai (Casa das coisas antigas), pregou a necessidade do registro escrito contra os lapsos de memória, contribui para pesquisas respeitosas em torno da temática do candomblé que ela dirige. Há trinta e um anos comanda o afonjá, que hoje é uma imensa “casa de santo”, que ela considera como “uma pequena África” idealizada por sua inspiradora avó Aninha de Xangô.

 

A marca Ilê Axé Opô Afonjá

 

Caetano Veloso em sua canção Tapete Mágico, gravada por Gal Costa, em seu disco fantasia, faz uma referência à “roça do Opô Afonjá” como símbolo do fantástico e da beleza. E é este o primeiro adjetivo que se pode extrair da espacialidade daquela casa: beleza. As casas da comunidade somando-se às casas dos orixás; a área verde e sagrada; o imponente Palácio de Xangô, chamado por mãe Stella de sede do terreiro; a grandeza indefinível do barracão; e a dança dos orixás em suas festas iluminadas.

Outro adjetivo seria força que se coaduna à idéia que a palavra Axé exprime, e é como o Afonjá é comumente chamado por seus filhos. Paz ¿ também aparece por conta da outra dimensão que se sente lá. E para sintetizar a vocação da sua territorialidade, surge o termo sagrado. O sagrado templo de Xangô, senhor do fogo, da justiça, da vida, que reúne aos seus pés os filhos da Iyá Aninha. O sagrado e mágico chão de “Yá”, mãe maior dos ancestrais grunce; a Yemoja iorubana, inseparável mãe mulher irmã do Obá Kossó (Xangô), o grande rei desta espiritualidade.

A grande marca espacial daquela casa é o encontro de duas energias, fogo e água, balizando as demais que surgem da impreterível presença dos outros orixás e encantados. Um patrimônio histórico que ilustra luta, persistência, sabedoria, conflito, negociação, prestígio e apogeu. E que deve sempre se espelhar na memória dos seus mais velhos, e como exemplo, prosseguir a favor dos ventos que alimentam de fé os adeptos desta religião.

A Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, faz parte do Ilê Axé Opó Afonjá, bem como o Museu Ilé Ohun Lailai (Casa das Coisas Antigas) inaugurado em 1999, está localizado no andar inferior da Casa de Xangô, onde reune a história do Axé, das Iyalorixás com objetos de culto e roupas em exposição.

 

Fonte: Wikipédia,a enciclopédia livre e Marlon Marcos,  jornalista, professor e mestrando em Estudos Étnicos e Africanos pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (Ufba)

 

ago
02

Porque Jogamos Água à Rua?

A misteriosa Religião dos Òrìsàs é norteada de costumes e dogmas, um deles é aquilo que chamamos de “despachar a rua”, que condiz em jogar três punhados de água, antes de entrar ou sair de casa. Mas porque fazemos isso? Primeiramente é importante recordarmos da importância da água na nossa cultura. No Candomblé não se faz nada sem água, ela que umidifica, resfria e fertiliza. Nós mesmos, antes de nascermos, no útero de nossa mãe, ficamos o período gestacional na água do ventre materno, somente isso já seria o suficiente para sermos gratos à água diariamente, afinal, sem ela não existiríamos.

 

Há muitos momentos em que despachamos a porta. As ocasiões mais comuns são ao acordamos, ao sairmos de casa e ao retornarmos para casa. Mas não são somente nesses momentos. Por exemplo, há determinadas cantigas que retratam um momento de muita turbulência na vida do Òrìsà, podendo despertar sua cólera se entoadas em momentos inoportunos. Nessas situações, o Babalòrìsà ou Ìyálòrìsà, sempre atento, solicita à uma antiga egbon, que jogue água à rua, apaziguando o Òrìsà que foi recordado de um momento adverso em sua vida no Aye.

 

Em suma, em todos esses momentos, o objetivo é apaziguar. Há uma frase em yorùbá que diz “Somente a Água Fresca Apazigua o Calor da Terra”. Ao acordamos, despachamos a porta, recitando palavras que tem por objetivo, pedir que aquele dia seja de tranqüilidade e de harmonia. Quando estamos saindo de casa, jogamos água à rua, rogando à Èsù Oná (O Senhor dos Caminhos), que aquela água, apazigúe os caminhos que vamos percorrer e que, sobretudo, não nos deparemos com situações que nos exponha a riscos.

 

Ao entrar na Casa de Candomblé, por exemplo, despachamos a rua, pedindo licença aos Donos da Porteira, reverenciando-os sempre. Em muitas casas de Candomblé a porteira está sempre aberta, isso não significa que não há dono, muito pelo contrário. Nesse aspecto, pedimos licença (Ago) aos Donos da Porteira, mostrando nosso respeito e, pedindo que a água resfrie a terra, até o momento em que, vamos nos purificar por meio do Omi Ero ou Omi Agbo, para poder então, partilhar do convívio no Terreiro de Asè.

 

Por isso, jamais se esqueçam, apazigúe a terra antes de caminhar sobre ela.

jul
30

QUAL A COR DA SUA MENTE?

A sociedade brasileira deve muito aos negros, o preconceito é o primeiro pagamento que recebemos como forma de agradecimento pela construção da historia do Brasil. Grande parte da cultura que os brasileiros têm é graças aos negros africanos que vieram traficados e escravizados para nosso país, como os negros se defendem de tanta omissão? Culinária, religião, dança, ensinamentos, música e comportamentos de paz. Os negros que reencontram sua identidade se mostram de maneira pacifica, através da cultura que temos em alguns momentos esquecida pelo embranqueamento de alguns negros (MENTALMENTE FALANDO), mas a sorte da maioria é o resgate que há algum tempo está acontecendo nos movimentos sociais, ainda que superficial pela falta de apoio maior do governo, mas estamos avançando, precisamos avançar mais. A única coisa que nos ajuda a manter a força e ir adiante é a nossa identidade como forma de se manter vivo dentro de uma cultura preconceituosa, estamos no século 21, mas em certas horas e momentos me parece que estamos ainda no tempo dos senhores de engenho quando só eles decidiam como os negros poderiam sobreviver. ACORDA NEGRADA, SER NEGRO É LINDO! Não perca sua identidade para poder acompanhar uma sociedade que só pensa em ganhar em cima dos menos favorecidos, mas também não aceite ser parte dessa estatística que so cresce porque baixam suas cabeças para o que tentam nos fazer acreditar, olhem para sua ancestralidade e levante a cabeça, os que vieram antes de você lutaram para você ter seu espaço agora, temos muito o que conquistar ainda, vamos dar valor aos espaços que estamos ocupando hoje em dia graças ao nosso povo que tanto sofreu e deu a vida para que chegássemos ate aqui.

AXÉ!

Por: Andréa Gisele

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