fev
10

PRESENTE DE IEMANJÁ

No dia 03 de Fevereiro deste ano entregamos o presente a Iemanjá, contando com a participação massiva dos filhos de santo do Ilê Axé Omidewá e convidados. Foi uma festa linda começando pelas rezas na casa, fomos a praia da Penha entregar o presente em alto-mar festejando com lindas músicas para saudar a Rainha das águas salgadas. É com grande felicidade que compartilhamos este momento de fé e irmandade, contamos com a presença de tod@s nos próximos anos fortalecendo nossa fé em comunhão.

Iemanjá  é frequentemente representada sob a forma latinizada de uma sereia, com longos cabelos soltos ao vento. Chamam-na também de Dona Janaína ou Rainha do Mar.

No ano de 1923 houve uma diminuição no pescado da vila de pescadores do Rio Vermelho. Tentando buscar ajuda da Mãe D’Água, Iemanjá, saíram a dois de fevereiro para ofertar presentes à rainha das águas. Ano após ano os pescadores repetiram essa cerimônia. A princípio era feita em conjunto com a Paróquia do Rio Vermelho, devido ao sincretismo entre a orixá e Nossa Senhora da Conceição.

Nos anos 60 houve uma reação da Igreja Católica contra o culto pagão, fazendo com que a festa perdesse, oficialmente, a devoção à santa católica. A Igreja de Santana, localizada no mesmo local da festa, sempre mantém as portas fechadas no dia 2 de Fevereiro.

Hoje em dia as homenagens a essa orixá começam de madrugada, com devotos do candomblé, da umbanda e do catolicismo colocam as ofertas e bilhetes com pedidos em balaios que serão levados para o alto mar. Esses balaios são levados por cerca de 300 embarcações levando o saveiro com a oferenda dos pescadores sempre a frente do cortejo.

As pessoas independente de religião comemoram do mesmo jeito, levando flores, perfume, champanhe, velas, mas tem gente que nunca ouviu falar da lenda da Iemanjá.

fev
01

O ILÊ ASÉ OMIDEWÁ CONVIDA

Nossa casa está em preparativos para a entrega do presente a Iemanjá e é com muita satisfação que convidamos a tod@s para compartilhar conosco essa alegria. Vamos juntos celebrar o dia da Rainha das Águas Salgadas, Odô Iyá!

jan
31

EDUCAÇÃO/INCLUSÃO

Lei 10.539/2003 após dez anos ainda deve ser Afirmativa para ser Inclusiva – Lei completa 10 anos, seguida de  medidas afirmativas e inclusivas.

A obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio completa dez anos, a  promulgação da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, foi um dos primeiros atos do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Com a instituição da lei, houve alteração em dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional [Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996]. De acordo com o novo texto, os estudos de história e cultura afro-brasileira devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, de forma a resgatar a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política brasileira.

Outra mudança ocorrida a partir da aprovação da Lei nº 10.639/2003 foi a inclusão, no calendário escolar, do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

Ao longo desses dez anos, o Ministério da Educação tem reforçado a adoção de medidas afirmativas e inclusivas relativas a questões etnorraciais, e reafirmado o objetivo de valorizar e assegurar a diversidade etnorracial, tendo a educação como instrumento decisivo para a promoção da cidadania e a garantia dos direitos humanos.

O empenho do governo federal em formular e ampliar essas políticas contribui para consolidar avanços no âmbito educacional.

Uma das principais vitórias foi a sanção da Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que institui o sistema de cotas para o ingresso de estudantes nas universidades e institutos federais de educação, ciência e tecnologia.

A lei destina no mínimo 50% das vagas a estudantes que tenham cursado integralmente o ensino fundamental e médio em escolas públicas. Prevê também até 25% de cotas raciais, de acordo com o percentual populacional de afrodescendentes em cada região do país.

No conjunto de ações do MEC destaca-se também o Programa Universidade para Todos (ProUni) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.

O MEC também faz a distribuição de material didático com a temática etnorracial, além de investir na formação continuada de professores. Em 2011 e 2012, foi oferecido a mais de dois mil professores o curso de aperfeiçoamento em educação das relações étnico-raciais, pela Universidade Aberta do Brasil.

Desde 2005, o MEC já formou quase 15 mil profissionais de educação por meio do programa Uniafro de formação continuada em educação para as relações étnico-raciais.

FONTE- http://www.tribunadabahia.com.br/2013/01/10/lei-completa-10-anos-seguida-de-medidas-afirmativas-inclusivas

jan
30

Músicos já podem contar com o maior registro de ritmos do Candomblé feitos até hoje

Pela primeira vez, os ritmos do Candomblé foram reunidos e profissionalmente registrados. Fruto da vivência pessoal do músico Lulla Oliveira e de profundo estudo realizado pela pesquisadora Tânia Vicente, o songbook “Ritmos do Candomblé” vem permeado por textos sobre a história do Candomblé no Brasil (em português e inglês), imagens, partituras de toques do Candomblé e dois CD de áudio com 98 ritmos em orquestração tradicional para atabaques e demais instrumentos, gravados pelo ogan Raul de Souza.

Através deste livro, músicos dos mais diversos mundos musicais poderão conhecer a beleza artística e a qualidade musical desta tradição afro-brasileira normalmente tão reservada a seus “iniciados”:


“Este songbook apresenta a música sacra afro-brasileira em sua plenitude. Torço para que novas composições e arranjos venham a surgir baseados neste lançamento”, comemora Lulla Oliveira.


Este livro de partituras é parte do Projeto Afro-Jazz Instrumental, que visa divulgar e valorizar a cultura afro-brasileira. O projeto possui três grandes frentes de criação: o songbook Ritmos do Candomblé; o álbum “Makumba de Butique Sonora”, composto de releituras inéditas que fundem ritmos afro-brasileiros e jazz; e por último, a gravação de um DVD ao vivo em high definition, com participação especial de Carlos Malta, Naná Vasconcelos, Paulo Moura e Robertinho Silva (em fase de finalização).

Para ouvir um pouco do álbum Makumba de Butique sonora, visite 
www.myspace.com/lullaoliveira ewww.lullaoliveira.com.br.

 


Ficha técnica:

 


Idealização e realização: Lulla Oliveira
Textos: Lulla Oliveira e Tânia Vicente
Execução dos atabaques: Raul de Souza
Execução nos ritmos Bravun, Jeje, Agabi e Congo: Senegale
Prefácio: Carlos Negreiros
Transcrição de partituras: Régis Gonçalves
Imagens: Paula Huven, fotografadas durante uma “Festa de Obaluaê” em casa tradicional do Rio de Janeiro.
98 ritmos do candomblé, apresentados em dois CDs de áudio.

 

 

Serviço:

Preço de venda: R$70
Locais de venda: 
www.lullaoliveira.com.brwww.freenote.com.br e na loja Modern Sound (Copacabana, RJ).
Pelo telefone: (21) 2245-6269.
FONTE: FUNDAÇÃO PALMARES

jan
30

Legislação e Candomblé

Por se tratar de religião e cultura, o Candomblé é duplamente protegido na forma da lei pela Constituição da República Federativa do Brasil. Outrossim, o artigo 208 do Código Penal Brasileiro prevê, para o crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, pena de detenção de um mês a um ano ou multa. Para que todas as pessoas que professam o Candomblé fiquem cientes dos seus direitos é bom observar com atenção os artigos constitucionais que podem e devem ser evocados quando qualquer cidadão sentir-se aviltado no que diz respeito à liberdade de crença religiosa.

O artigo 5º da Constituição Federal assegura:

Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Portanto, como a Constituição assegura que não deve haver distinção de qualquer natureza, católicos, protestantes, evangélicos, umbandistas, espíritas, budistas, muçulmanos, membros do Candomblé etc. são iguais em direitos e obrigações, estando, pois, submetidos às mesmas leis e devendo observar o inciso VI do artigo 5º da Carta Política de 1988, que diz:

É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

Ainda na Constituição Federal, o parágrafo 1º do artigo 215 deixa muito claro que o Candomblé, que é também evidente manifestação da cultura popular afro-brasileira, pode contar com a proteção do Estado para existir e resistir:

Artigo 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e dos outros grupos participantes do processo civilizatório Nacional.

Na legislação infraconstitucional diretamente relacionada ao inciso VI do artigo 5º, o artigo 208 do Código Penal merece menção, haja vista que os crimes que define têm sido cometidos freqüentemente contra adeptos das religiões afro-brasileiras sem que se tomem providências primeiramente por uma nítida falta de interesse das autoridades e depois porque os adeptos, na maioria das vezes, não sabem que tais atos constituem crime.

Artigo 208. Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:

Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente a violência.

Como fica a situação quando a policia, respaldada pelo poder do Estado, infringe a lei? Se considerarmos que a proteção aos locais de culto e a suas liturgias é garantida na forma da lei, é dever da polícia, quando solicitada, prestar assistência aos adeptos para que possam cumprir seus rituais com segurança e não impedi-los, por exemplo, de fazer suas oferendas. Fazer uma oferenda a Exu numa encruzilhada é um direito, assim como é um direito do crente pregar em praça pública ou do católico fazer procissões. A polícia também não pode invadir um terreiro de Candomblé, a menos que observe os trâmites legais.

Todos têm direito à liberdade religiosa, que não atinge um grau absoluto, pois não são permitidos a nenhuma religião ou culto atos atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e criminal. Um adepto de determinada religião, por exemplo, não pode evocar o inciso VI do artigo 5º da Constituição, ou seja, suas convicções religiosas, para livrar-se dos crimes estipulados no artigo 208 do Código Penal. Há que se observar o inciso VIII do artigo 5º da Constituição, que diz:

Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

O Brasil, por meio do Pacto de São José da Costa Rica, se comprometeu a respeitar o sentimento religioso, avalizando o documento que no artigo 12.1 da Convenção diz:

Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado.

Devem os templos de Candomblé e seus sacerdotes começar a reivindicar os privilégios e isenções que a lei assegura aos ministros de confissão religiosa e às suas igrejas, como o direito a prisão especial, a contribuição à Previdência Social na qualidade de sacerdote e a desobrigação de recolher alguns impostos como o IPTU.

É importante também difundir a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, não só entre as pessoas do Candomblé, mas para toda a sociedade, especialmente entre os negros que sofrem muito mais com o preconceito que, mesmo camuflado pelo mito da democracia racial, existe no Brasil. Isso serve para ratificar que o caminho para viver plenamente a cidadania é o da consciência, que passa, necessariamente, pelo reconhecimento das leis que asseguram os direitos de todos os cidadãos, brancos ou negros, crentes ou de Candomblé, ricos ou pobres.

jan
29

A história de Obì

Olódùmarè chama os homens para regressarem ao seu lar, porém nem mesmo a morte é capaz de apagar as lembranças dos feitos de grandes homens. O Obì é muito importante no Culto dos Òrìsàs. A noz de cola, o Obì é o símbolo da oração no Òrun. Foi Òrúnmìlá quem revelou como a noz de cola foi criada. Quando Olódùmarè descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Èsù era o responsável por isso, Olódùmarè decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, Prosperidade, Concórdia e Aiyé, a única divindade feminina presente) para entrarem em acordo sobre a situação. Eles deliberaram longamente sobre o motivo de que os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo. Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio, enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia Olódùmarè abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar, em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar. Após isso, Ele foi para fora mantendo suas mãos cerradas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão, suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Olódùmarè havia plantado as orações que Ele apanhara no ar. Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos, quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo.

Aiyé pegou-as e as levou para Olódùmarè, Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse, ela tostou as frutas e mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim. No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas. Foram então até Olódùmarè para falar que a missão de descobrir como preparar as nozes era impraticável, quando ninguém sabia o que fazer, Elénìnìí a divindade do obstáculo se ofereceu como voluntária para guardar as frutas.

Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela, Elénìnìí então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por quatorze dias. Depois, ela começou a comer as nozes cruas. Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas. Após isso, ela levou as frutas para Olódùmarè e pronunciou a todos que o fruto das preces (Obì) podia ser ingerido cru sem nenhum perigo.

Olódùmarè então estabeleceu que já que tinha sido Elénìnìí, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu descodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidos primeiro aos mais velhos do grupo e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces. Olódùmarè ao mesmo tempo proclamou que como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.

Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olódùmarè e tinha duas partes, Ele pegou uma e deu a outra para Elénìnìí, a mais antiga divindade presente, a próxima noz de cola tinha três partes, as quais representavam as três divindades masculinas que proferiram as orações que fizeram a árvore da noz de cola passar a existir, a próxima noz tinha quatro partes e incluía assim Aiyé, a única mulher que estava presente na cerimônia, a próxima noz tinha cinco partes e incluiu Òrìsàlà, a próxima noz tinha seis partes representando a harmonia, o desejo das orações divinas. A noz de cola com seis partes foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho. Aiyé então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e ela só germina e floresce em comunidades aonde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e pela tradição.

jan
27

Transcendência

Nosso papo hoje será sobre a Fé.
Penso que a fé seja a nossa força motriz de um todo, eu sobre minha fé posso falar que é a atuação das forças dos Orixás na minha vida.
Ultimamente tenho tido um cuidado redobrado ou cuidadoso em me colocar no lugar das pessoas que estão próximas a mim, me pego refletindo em como sentem suas dores e qual seria o tamanho delas. Estão longe de serem dores físicas.
Sim algumas dores são pequenas, outras de um tamanho que por mais que eu tente não saberia dimensionar, pois estaria invadindo um espaço que não seria o meu, uma historia de vida que não vivi.
Mas acreditem apesar de ser uma sacerdotisa, assim como todos vocês em um menor ou maior grau, eu também senti dor, a dor do medo, de um fracasso, de uma perda, despedida, até a dor de um amor, por vezes a dor que dói no meu próximo e eu queria que fosse minha.
A vida tem muitas cores, estamos passando por ela, nestes matizes existem ventos que são brisas, dias em que a terra fria nos acalma que um tantinho de água fertiliza dias em que existem sorrisos, dias de músicas quando faltam pessoas, ainda assim garanto nos não estamos sós, temos nosso Orixá.
Mas diante desta complexidade e de um modo quase incompreensível que é o ser humano e sua natureza, há a dor, existe a possibilidade de um sofrimento, desespero, ansiedade que tenta matar nossa esperança. E quando nos vemos neste túnel em desespero, ele é árido, áspero, escuro, lá no fim sempre tem uma luzinha, às vezes incandescente, às vezes fraca, quase apagada eis sua Fé.
Em uma conversa com um amigo, refleti sobre a fé, ela é como nossos pais, falo no sentido de um cuidado para com a gente, de um cuidado que só os pais têm: incondicional, um modo de cuidar que nunca nos abandona que daria a vida por seus filhos, que mesmo quando desrespeitada permanece, até mesmo quando não é valorizada como deveria, mas continua ao nosso lado, nos da colo, acalenta, gera a força que necessitamos para continuar em nossa batalha cotidiana então só nos cabe continuarmos na batalha ou aceitarmos nossa derrota.
É meus filhos por vezes perder é inevitável até para nós que temos uma fé enorme em nossos orixás, nos que alimentamos nossa fé, que colocamos nosso orixá como um guia, um principio norteador em nossas vidas.
Me pego achando graça quando escuto leigos e por que não até religiosos me questionarem sobre os percalços que passei e passo em minha vida, pensam que por ser uma sacerdotisa sou privilegiada e, por conseguinte eu não passaria por dificuldades. E quão duras dificuldades.
Mas me diga meu filho em que momento desta vida eu falei que os orixás diriam que á vida é fácil?
Já vivi em minha vida muito riso e tanto choro com meu orixá, neste momento eu vivo um momento de agradecimento, um sentimento de plenitude é só sorriso para meus orixás, mas também passo pelo momento da dor.
Sim eu já tive meus dias de deitar meu Ori pra chorar aos pés do orixá, mas eu me senti acolhida, abraçada, acalentada por ela, não me levantei com a dor curada, meu problema resolvido, mas sentia uma força, minha fé sempre foi revigorada para que eu seguisse adiante, para poder olhar para a vida e ver que ela não é perfeita, porem tenho certeza e muita fé que sempre recebi de Oxum o meu melhor, aprendi a lutar com determinação, amar com todo amor, sorrir com todo meu sorriso, abraçar com todo meu abraço, viver com toda minha vida e acreditar com toda minha Fé.
Reflitamos meus filhos no auge de uma tempestade, que você jura que não vai passar, mas acredite passa. Sei que pode demorar, mas passa. E com sua fé, com as energias de seus orixás, tudo vai se ajeitando, se amenizando, e o céu nublado vai se abrindo e dando lugar para um céu azul a principio timidamente, mas creia passa. E logo você vai escutar o barulho das águas nos mostrando fluidez e regeneração, o vento nos convidando a renovação e a natureza como um todo nos mostrando que há continuidade.
Nossos orixás sempre cuidam de nós durante nossa dor, sofrimento, neste momento eles estão reabrindo nossos olhos, desconstruindo nossos olhares e nos mostrando que como seus filhos nós nãos somos fracos para desistir agora, os orixás sempre estão a postos para devolver a força e a capacidade de um novo recomeço.
Enfim, hoje eu elevo meu pensamento, rezo e peço aos orixás para que nós nunca percamos esta sensibilidade, nossa capacidade de acreditar na Fé, de sentir a voz que vem de seu orixá dizendo: acredite e tenha calma meu filho, pois você não esta só.
Lembre-se que Olorum nos deu a vida, temos um mundo e uma grande força: nosso Orixá. Adupé Otixá Oxum.
Axé

jan
27

O Idioma Yorubá

O idioma Yorubá pertence à família de línguas do Sudão, tendo sido escrito pela primeira vez no século 19, por missionários cristãos e falado nas diferentes regiões da atual Nigéria. Era um idioma estritamente oral, tendo sido utilizado os fonemas latinos para dar uma forma escrita aos sons das palavras ouvidas. Chegou até nós no período da escravatura, tendo se tornado a língua geral falada nas comunidades negras. Seu ultimo refúgio foi nas comunidades de candomblé, nas modalidades Kétu, Èfòn, Ìjèsà e demais que se utiliza de elementos culturais Nagôs. Tem sido mantida através de cânticos, rezas e expressões diversas, estando aí um dos fortes motivos para a manutenção de tradições seculares. O seu conhecimento deveria estar no mesmo nível de interesse do conhecimento de atos religiosos, o que não vem ocorrendo. Por esse motivo é utilizado mais pelo hábito de ouvir e repetir palavras, sem o conhecimento necessário de sua articulação e aprendizado de suas regras básicas de conservação.

Como os demais idiomas, é um instrumento para a comunicação entre as pessoas numa sociedade em que, tudo o que se faz têm o apoio de rezas, cânticos, e declamações neste idioma. Dependendo do grau de instrução que se tenha ou do cuidado com que se fale, pode-se usar a língua correta ou incorretamente. Quando usado corretamente, consagram as normas do culto. Mas se usada incorretamente, dá origem aos “vícios de linguagem” que, em longo prazo, desfiguram o idioma e, sem que se deem conta, acabam contribuindo para difundir os erros e até mesmo incorporá-los ao idioma. Para confirmar, basta verificar como é diferente a forma de expressar as palavras de muitos cânticos, rezas e conversações simples, de terreiro para terreiro. Esta é uma das razões da dificuldade encontrada na tradução para se saber o que se canta e o que se reza.

A perda do som original de muitas palavras, e os vícios já creditados como corretos, impedem a interpretação de certas palavras que ao serem traduzidas, não conferem com o desejo do momento. Esta situação vem dando margem a que pessoas, no afã de traduzir, substituam essas palavras por outras que mais lhe convém, provocando mudança total no sentido daquilo que se deseja naquele momento. Em outros casos, a tradução fica destituída de significados, passando a não ter nenhuma relação com o ato que está sendo feito naquele momento. São pessoas predispostas a exibir conhecimentos para os quais não foram qualificadas por falta de seriedade científica, pelo fato do que for apresentado poder vir a ser aceito como autêntico, criando novos vícios para uma religião plena de problemas a serem solucionados.

A linguagem é a chave cultural de um povo. Sem rever seus aspectos, origem e formas, não podemos nos construir na religião, pois na maioria das vezes não se sabe o que se canta e o que se reza.

O seu aprendizado será a resposta para muitas dúvidas que existem na religião. Mas não somente em saber interpretar os cântigos e rezas como forma de curiosidade, mas sim pelo fato de poder sentir mais intimamente, através do seu conhecimento, o alto grau de religiosidade que existe nas mensagens. E a sua utilização terá uma extensão maior ao ser empregado também na literatura humana e de uso corrente.

O alfabeto Yorubá é muito similar ao português, exceto para algumas letras que são pronunciadas de forma diferente. Compõe-se de 18 consoantes e 7 vogais:

 

A B D E F G GB H I J K L M N O P R S T W Y.

Como pode ser observado não são utilizadas as letras C, Q, X, Z e V

Letras repetidas acima que se utilizam de um ponto em baixo: O, E, S

Vogais Orais: A E I O U.

Vogais Nasais: AN, EN, IN, ON, UN

O Yorubá como língua Tonal, utiliza-se de três sons: alto, médio e baixo ou grave, representados por acentos superiores nas vogais: acento agudo, som alto, acento grave, som baixo e sem acento, indicando o som médio ou a voz normal. Isto quer dizer que eles não devem ser confundidos com nossos acentos. Um ponto colocado embaixo das vogais E e O, lhes dá o som aberto, caso não o tenham terão o om fechado. As vogais quando seguidas da letra N, terão um som nasal. A letra S com um ponto embaixo tem som de X ou CH, caso não tenha, terá o som natural da letra S.

Pronúncia de algumas letras:

G: tem um som gutural, ou seja, deve ser lido como em Gostar e nunca como em Gentil.

H: tem som expirado aproximado de rr.

J: tem som de dj, como em adjetivo, adjacente, adjunto.

R: leia como em arisco, nunca tem o som de rr.

W: tem o som de u.

Y: tem o som de i.

S: tem o som normal, sendo que, caso tenha um ponto ou tracinho embaixo, terá o som da letra x.

P: tem o som de kp, que devem ser lidos juntos.

GB: devem ser pronunciadas com as duas letras juntas.

A Estrutura Silábica da língua Yorubá consiste de qualquer vogal ou de uma consoante seguida de uma vogal. Como consequência do Yorubá ser uma língua tonal, a mesma consoante combinada com uma vogal poderá formar diferentes palavras com tons, acentuações diferentes, como por exemplo:

Ra: no tom médio significa raspar

Rá: no tom agudo ou alto significa rastejar

Rà: no tom grave significa comprar, amarrar.

Wá: no tom agudo significa procurar, vir, dirigir, dividir.

Wà: no tom grave significa ser, existir, haver.

Os pronomes pessoais antecedem todos os verbos Yorubá. isto quer dizer que devemos especificar o sujeito de todo verbo Yorubá para que se saiba quem fala, com quem se fala e de quem se fala.

Os verbos não se alteram na conjugação, eles são distinguídos pelos pronomes, e os tempos são conhecidos por marcas indicativas de tempo. vejamos alguns:

Ti: faz o tempo passado; também significa a palavra já, para enfatizar uma ação feita.

Kò máa dáwò lóní: Ele não costuma jogar hoje

O vocabulário Yorubá tem sido ampliado por meio de disversos procedimentos. Dentre as palavras criadas, muitas foram resultantes da utilização das partes do corpo humano, é utilizado para definir as coisas altas e destacadas; as mãos, as coisas que dão segurança, os pés, para uma firmeza, os olhos como a parte principal de alguma coisa, as nádegas, como a base do corpo. Deste modo, podemos relacionar algumas palavras:

Orí: cabeça

Òkè: montanha

Orí òkè: topo da montanha

Orí igi: topo da árvore

Ojú: olhos

Orùn: sol

Ojúorùn: disco solar

Bajé: estragado

Inú: estômago

Inúbàjé: aborrecido

A linguagem se utiliza bastante da técnica de figura da fala na construção de seu vocabulário. A extensão figurativa do uso da palavra para abranger outros significados é mais usada entre os Yorubás do que em muitos outros idiomas. Algumas frases, se não forem bem compreendidas, poderão sugerir outras interpretações, como vem ocorrendo na interpretação muitas cantigas na roda de candomblé.

O Yorubá raramente inventa uma palavra novamente. Procura combinar a semelhança do novo objeto já familiar. A composição é então formada para designar o novo objeto. O trem, o avião, o navio foram introduzidos na cultura na mesma classe dos meios de transporte. A palavra chave é Okò (colocar um ponto embaixo das letras O) Como foram designados:

Okò okun(mar)= navio

Okò irin(ferro)= trem

Okò òfurufú(ar)= avião

Aprender um idioma é o mesmo que aprender qualquer outra habilidade: exige prática. Há uma diferença entre compreender o significado de uma palavra e falar um idioma. É isso que vem acontecendo nos candomblés. Não é de hoje que se canta o que se ouve sem a menor preocupação de se entender o que canta, as variações dessas mesmas cantigas de uma casa para outra e muitas vezes sendo da mesma nação. A facilidade de como as pessoas criam e inventam palavras, aglutinando-as, colocando acentos e aportuguesando o Yorubá, como que quisessem reinventar o idioma, que já sofreu com seus dialetos, fora a eluta para manter o idioma Yorubá, pode ser corrigidoas através dos bons cursos de língua Yorubá, basta ter humildade e vontade de aprender o correto independente da idade de iniciação que tenha.

 

Pesquisa: ICAPRA-Instituto Cultural de apoio a Pesquisa às Tradições Afro.

Professor: José Beniste responsável pelo curso de Yorubá

jan
27

IYABASÉ

O segredo da culinária é comandado pela guardiã da cozinha, a Iyabasé.
Aquela que “muito faz e pouco fala.” Quando se fala da sacerdotisa da comida, as formas mais antigas de transmissão do conhecimento trazida pelas diversas etnias africanas vão ser evocadas: a observação e a convivência. E o mestre dos mestres será mais uma vez chamado: o tempo. O conhecimento ritual, o respeito, a criatividade e o comando apresentam-se como o perfil da Iyabasé e orientam à sua escolha, mesmo que, hoje, nos “novos tempos,” poucas sejam as mulheres que se disponham a tal cargo; não pelo gosto, mas pelas funções assumidas por elas na sociedade.

A imagem da Iyabasé apresentada pelos sacerdotes, remonta aos primórdios, quando Olodumaré, Deus, entregou o poder de criar e de tudo transformar às Grandes Mães. A velha que cozinha, divide, assim com o poder ancestral feminino esta força, assim como todas as mulheres. Daí recair sobre ela o tabu da impureza, que reflete as relações de poder, as tensões entre homem e mulher expressas em alguns mitos da sociedade yorubá, num ambiente onde embora sua função seja de procriar, ela goza de plena liberdade e independência dentro do grupo. Permitir que a mulher menstruada manipule a comida é expor toda a comunidade ao poder das Mães Ancestrais, que serve tanto para o bem, quanto para o mal. A Iyabasé é, uma das pessoas que no terreiro, mais expressa essa força, pois trabalha com ela dia e noite, ao manipular a colher de pau para transformar grãos e alimentar tudo e todos, conservando, recriando e inventando.

Uma homenagem a nossa querida Iyabasé Mana de Ogum

jan
27

VESTIR PRETO NO CULTO AOS ORIXÁS

No candomblé dos anos 50, 60 e até 70, uma pessoa que chegava à porta de um candomblé vestida de preto, era sempre repudiada
Por aquela comunidade, e pedia-se para a pessoa se retirar. Quando a pessoa se negava a sair era entendido como um afronta
a Oxalá Pai de todas as cabeças por antecipação.

Vestir preto em uma saída de Iyawo é mesma coisa que dizer que o dono casa não sabe fazer o que esta fazendo.
Vestir preto em uma festa de 7 anos é a mesma coisa que dizer; não estou de acordo com esse titulo (oye).
Vestir preto em um funeral é desejar que aquela alma não tenha paz pela eternidade…
Vestir preto em um Ikomojade é desejar má sorte para criança
Vestir preto no dia a dia é afirmar se intimo de Iya mi Osoronga!!!

Vestir vermelho é dizer em alto e bom som!!! Não tenho medo das mães feiticeiras, por isso uso sua cor.

No itan de Bábà Ofuru, onde conta se que ele foi praguejado por Iya mi, e é por isso que entre uma saia branca e outra é obrigado a usar um faixa preta de tecido.
Para lembra lo de sua vergonha!!!!

Igual a Sango que usa um conta branca no pescoço para lembra lo de um desrespeito a Oxalá!

Nos dias de hoje isso tudo esta sendo desrespeitado pelo mais novos, que acreditam estarem sendo desrespeitados pelos mais velhos.

É literalmente a morte dos Nagô!!!

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