jan
25

Agradecimento

 

Pensando em todos estes anos de iniciada…
Hoje pela manhã agradeci a Deus por minha missão, sou muito grata por poder iniciar pessoas, cuidar, a cada dia que faço algo por meus Orixás tenho a certeza de que amo o que faço.
Sei vivemos em um mundo que por vezes nos fazem atravessar tempestades, mas em alto mar tudo pode acontecer, passamos pela ressaca, mas também tenho o orgulho e a alegria de ser do Candomblé que em sua origem atravessou oceanos e continentes para chegar até nos.
Nem sempre nossa vida é felicidade e tranquilidade também temos momentos difíceis perdemos e ganhamos, mas tudo tem um porque penso que não nos caiba questionar, mas aprender com estes momentos.
Assim é nossa vida como o mar tem várias marés tudo tem um porque a onda que caiu ontem não vai cair hoje, mas tudo é passageiro, o que sobra é que temos que tentar aprender a sermos mais humildes os que têm valor hoje em sua vida talvez não o tenham amanhã.
O que vale são nossos irmão de fé e as pessoas que amamos.
O meu amor por Oxum me torna forte, resolvi dedicar meus dias a entender melhor as pessoas, trabalhar mais minha humildade e por que não minha paciência.
Dia 29 de março farei 32 anos de iniciada sinto que devo cada vez continuar tudo pelo Ilê e por mim também, várias vezes ao dia me pego pensando em quantos ainda precisam de mim, dos Orixás, da missão que recebi.
O meu amor por SANGO me torna mais forte, também resolvi dedicar meus dias a mim e aos meus, família, planos, estudo, mas não posso esquecer o futuro do nosso asé, ensinarei cada vez mais que santo não é uma conta bancaria e sim uma paz interior que quem já sentiu sabe do que falo.
Mas sei que ainda terei que domar a Leoa que há dentro de mim, pelo tempo que ainda viver não me furtarei a ser ombro daqueles que precisam que chegam até o nosso ilê pelo amor ou pela dor porque a única certeza que posso afirmar hoje em minha vida é que tenho uma “missão” ou seria um “dom” ou até mesmo “fé” quem sabe sejam as três coisas que se completam.
Enfim obrigado a você que leu minha mensagem ela é uma forma de agradecimento por tudo que já compartilhamos e mais ainda vamos compartilhar juntos, ASÉ.

Por Iyá Lúcia de Omidewá

jan
24

SEGMENTO LGBT DA CIDADE DE JOÃO PESSOA PROMOVE DIA DE ATIVIDADES

 

Com o objetivo de proporcionar a visibilidade e protagonismo aos homens trans de João Pessoa, discutindo questões importantes como saúde e cidadania, o auditório do CE (Centro de Educação) da UFPB, recebeu várias lideranças dos movimentos LGBT da cidade com  um dia de atividades para promoção de igualdade de direitos e aumento do conhecimento em exercer sua cidadania, fomentando o esclarecimento para este segmento sobre prevenção de doenças e protagonismo juvenil.

Jainara Oliveira, antropóloga do Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais da Maria Quitéria uma  ONG  em João Pessoa, foi a organizadora do evento e expôs a programação que visa obter resultados positivos a partir das oficinas elaboradas durante o evento.

Colaborando com as atividades do dia, Leonardo Maners (foto), debateu sobre o filme Tom Boy , tendo durante o evento oficinas simultâneas que foram colhidos resultados ao final.

 

O evento teve a parceria do Movimento Lilás, ASTRAPA, Coordenadoria LGBT e de igualdade Racial de João Pessoa, Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres e Diversidade Humana, NCDH/UFPB e OAB/PB.

O Ilê axé Omidewá apoia e defende a causa dos que apenas querem exercer seus direitos de seres humanos, colaborando para a igualdade de gênero e abominando todo e qualquer tipo de discriminação. É interessante para o segmento mostrar força, se votamos temos todos o mesmo objetivo e exigimos que sejam usufruídos por igual, sem olhar a quem.

Por: Andréa Gisele

jan
23

Por que o culto do orixá é chamado de Candomblé?

 

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador – Estado da Bahia.

Desta reunião, que era formada por várias mulheres, como foi relatado anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:

– Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.

Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o “culto de orixá”, já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.

Porém, como praticar um culto de origem tribal, numa terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?

Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade; por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.

Mas, por que esse culto foi denominado de Candomblé?

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que se chama de culto ao orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o “culto dos orixás” de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:

Candomblé da Nação Ketu

Candomblé da Nação Jeje

Candomblé da Nação Angola

Candomblé da Nação Congo

Candomblé da Nação Muxicongo

A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos Mahin.

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokutá, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.

Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.

Esses yorubás, quando guerrearam com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.

Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon, “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nagô.

No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.

Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ijexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.

O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.

Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.

Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

A partir de Maria Neném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nagô-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.

O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinqüenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.

A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.

Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “Uma Cultura Africana em Solo Brasileiro”.

jan
14

As Águas de Oxalá

 

Um tema tão complexo quanto misterioso, minha idéia é sintetizar um mínimo entendimento sobre um dos Orôs mais respeitados e tradicionais nas casas de candomblé Ketu/Nagô, o ritual das “Águas de Oxalá”.

Esse ritual anual de purificação, renovação, pode ser considerado um “rito de passagem”, o fim e o começo, um novo ciclo, reverencia a presença da água, fonte primordial da vida, que se apresenta em todos os rituais da Religião dos Orixás. A Água é enobrecida na abertura do calendário, com os ritos de Orixan’lá, como procedência de Orí no Ayê – Iyá Omí Olorí – mãe de Orí, uma antiga divindade das águas, a deusa que se assenta na fonte de origem, simbolicamente, um banco, cadeira de espelho no umbigo do mar, no seio das águas, lugar simbólico da transformação. Mãe Ancestral. A celebração do Orixá é precedida de uma meticulosa preparação, interação e durante 16 dias.

Oxalá representa a pureza, Obatalá, O rei do Imaculado ou O rei do Branco, não existirá outra cor durante os 16 dias na liturgia das Águas se não, o “Branco,” dentro do terreiro e a todos que lá chegarem, a retidão e o silêncio tomarão conta do Axé, tudo deverá estar limpo, a preocupação com as roupas que deverão estar alvas, engomadas e perfeitas. Do portão de entrada do terreiro até a porta do barracão e demais dependências, será estendido sobre nossas cabeças uma peça ou mais de morim branco, cobrindo como um teto os Orís de todos. Na maioria das casas, o ritual começa na madrugada da sexta-feira com a confecção do baluwê (pequena cabana feita com bambus e de folhagens de coqueiros, pitombas, etc) o ajubó do Oxalá mais velho será posicionado sobre uma enorme bacia, outros assentamentos de Oxalá podem ficar ao lado acompanhando o velho Orixá, permanecerão até o 2º domingo das águas quando então Oxalufan volta para sua casa. Começará então a procissão de ir ao rio ou na fonte pegar água fresca, cada um com seu pote, jarro ou quartinha sobre seus Orís para depois levarem até a cabana de Oxalá e lá a Iyalorixá ou Babalorixá estará esperando todos e em ordem hierárquica, receberá as quartinhas com água e lavará o Orí de cada um, colocando um Obí no Orí cobrindo-o com um ojá. Esse ritual é feito em todos que se encontrarem na casa, abians, iniciados e visitantes, sem excessão, o Orí se renova. Retorna-se ao rio ou fonte mais algumas vezes dando seguimento ao osé de Oxalá.

O ritual em algumas casas mais tradicionais é feito em quatro momentos e seguida de três domingos subsequentes com festas e grande orô. Os domingos de festa cumprem uma etapa fundamental das obrigações, o ciclo se realiza ao se reviverem durante os 16 dias o caminho mitológico do Orixá nos três domingos e tudo começa na saudação a Orixan’lá bem cedo em frente ao seu Ojubó na cabana, todos postados com o Orí sobre os punhos em formato de pilão, rezando e saudando o Orí ( Orí Aperê o).

1º Domingo-Festa de Oduduwá (ancestralidade- A Terra).

O caminho do Orixá, a paz silenciosa toma conta de tudo, as roupas alvas, a alimentação sem sal por 16 dias o ajeum funfun estará presente. O ciclo do primeiro domingo se fechará num orô somente com Orixás funfun em roda e os omolorixás da casa no toque tradicional do batá em celebração a Oduduwa ao mais antigo Orixá funfun.

2º Domingo- Festa de Oxalufan (ancestralidade- O Alá).

Continua o preceito e neste dia bem cedo antes do xirê, os assentamentos, cabaças e axés voltam para sua “Casa”, ao som de cantigas e revoadas de pombos brancos soltos por egbomis, um grande Alá acompanha o Orixá em seu retorno que passará para reverencias no Ilê Ibô Akú (casa de antigos ancestrais) e também na casa ou quarto de Yemanjá. Terminado a caminhada em sua casa ou quarto, o Grande Oxalufan descansará e as Iyás arrumarão seu ajubó entoando cantigas em tom baixo em respeito e devoção. Mais tarde na festa, o xirê se repetirá em roda, muito Ebô, o rítmo Igbí, Babá Daribô com seu Opaxorô nos brindará dançando ao som de cantigas toda sua odisséia.

3º Domingo- Festa de Oxaguian (Ancestralidade- O Pilão).

Orisagiyan é o Elemoaxó funfun, cantigas mais aceleradas e a dança do Guerreiro do universo, do Pai Senhor da Guerra à Paz. Aparecem as contas com seguí, símbolo que o dignifica como único Orixá funfun Ajagunan. A raiz de inhame é o elemento que se apresenta da cozinha direto para o barracão, como prato do preceito, em bolas de inhame pilado, alimento de expansão do Axé, o simbolismo da Tradição dos Orixás. . Cantigas lembraram os ritos do atorí e vários atoris são distribuídos pela Iyalorixá ou Babalorixá que dá início tocando em Oxaguian e depois vão tocando uns aos outros na roda de forma hierárquica em que do mais velho Oxalá ao mais novo iniciado da casa participam até que todos tenham sido tocados por Oxaguian. O ciclo e todas as festividades das Águas de Oxalá, de renovação da existência e expansão do Axé serão encerrados formando novamente a roda e fazer o encerramento com a cantiga em reverencia Olodumare.

Fonte desconhecida.

jan
13

Mãe Aninha do Opó Afonjá

 

Iyalorixá de extrema inteligencia e articulação, Mãe Aninha fez de sua roça o Axé, como se fosse uma miniatura da Africa, dando a cada Orixá um pedaço de terra como que reproduzindo a cidade ou tripo referente ao mesmo, tendo como sede o Ilé Xango que desde a época era considerado um palácio como em Oyó.

 

Pelo fato de Mãe Aninha ser descendente da nação de Gruncis, uma nação cujos rituais tem algumas variações das de Ketu, construiu uma casa para Yemanjá e outros orixás pertencentes à nação Grunci, no ano de 1914. Foi uma das pioneiras da lavagem das escadarias da igreja do Bonfim.

Idealista como era, criou o corpo de Obás, a exemplo também das tradições dos palácios africanos, cuja função, além de religiosa, era de sustentação do Axé, principalmente na parte civil, por se tratar de pessoas importantes da sociedade baiana da época.

Apesar de severa nunca deixou de ajudar quem estava em dificuldades. Conta-se que, certa ocasião, encontrou uma filha de santo na rua, em dificuldade de vida, entrando num armazém, a fim de comprar mantimentos, porem, o dinheiro que tinha em mãos não chegava para tudo e o balconista não quis facilitar; ela tirou o par de argolas de ouro e rubi das orelhas e deu em pagamento ou fiança. Sua casa, na ladeira da praça em Salvador, era um verdadeiro pensionato gratuito, onde as protegidas a ajudavam na confecção de doces, muito bem aceitos naquele tempo. A sua quitanda no Pelourinho era ponto de encontro do candomblé da época.

Era filha de africanos. Foi graças a sua interferência direta que o presidente Getúlio Vargas baixou o Decreto dando liberdade aos cultos. Muito amiga de políticos, houve ocasiões em que admitiu refúgio de políticos em sua casa.

fonte: http://www.oocities.org/

jan
11

A Ekede no Candomblé

Vamos falar sobre outra importante figura dentro dos Terreiros de Candomblé, as Ekedes (Èkèjí, Àjòyè, Ìyároba, Makota, a depender da tradição da casa ou nação).

As Ekedes são mulheres que não são incorporadas, mas sim, escolhidas pelas Divindades, para zelar por elas e pelo Sacerdote da Casa. São pessoas de grande importância na estrutura religiosa da comunidade, que são admiradas por todos.

Em grande parte das ocasiões, ao longo das festividades, algum Òrìsà escolhe entre as pessoas presentes, uma mulher para suspender/indicar como Ekede, é um momento de grande alegria para todos, onde os filhos da comunidade comemoram. Futuramente, essa mulher poderá, então, ser confirmada como Ekede.

Se fossemos “ranquear” a principal função de uma Ekede, poderíamos afirmar que é zelar pelo Òrìsà quando esse está incorporado em um filho/filha. Uma grande Ekede, sempre está muito atenta aos passos do Òrìsà, ela verifica se há a necessidade de enxugar o rosto da pessoa incorporada, analisa as paramentas, se estão machucando ou se, por ventura, estão se desprendendo das demais vestes.

As Ekedes, em verdade, começam a zelar pelo Òrìsà, antes mesmo da manifestação, sendo que elas verificam todas as roupas e ferramentas com antecedência, garantindo assim, que as Divindades sejam tratadas com muito carinho. Algumas, inclusive, se especializam como costureiras, bordadeiras, somente para ter o prazer de confeccionar as roupas dos Òrìsàs.

O que observamos, com bastante atenção, é que esse carinho/amor desprendido por muitas Ekedes as tornam referência em um Terreiro, sendo respeitadas e admiradas pela comunidade. Quando o Órìsà manifesta alguém, elas rapidamente aprontam tudo, garantindo tranquilidade aos Omo Òrìsà. Elas acompanham os Deuses ao longo das danças, se comunicam com eles e, por vezes, intermediam a sua vontade aos Babalòrìsà/Ìyálòrìsà, Ògáns e outras Ekedes.

Esse trato direto com os Òrìsàs as torna muito próxima deles, razão pela qual, as Ìyáwò e Egbon possuem tanto carinho e respeito por essas senhoras, por vezes, as chamando de mães.

As Ekedes, também, dispensam igual carinho e atenção aos seus Sacerdotes, zelam pelos seus pertences e ficam sempre atentas a qualquer pedido/necessidade. Muitas vezes, atuam como uma espécie de “relações públicas”, representando o Terreiro e recepcionando os visitantes mais ilustres.

As Ekedes, diferente das Ìyáwò e Egbon, não utilizam as saias de baiana com anáguas. A vestimenta das Ekedes varia entre as casa, mas aqui em Salvador, elas usam os chamados “vestidos nago” ou saia sem roda (anágua), permitindo dessa forma, uma maior flexibilidade para as suas atividades. Em Salvador, somente pela roupa já conhecemos quem são as Ekedes do Terreiro.

As Ekedes são pessoas de grande importância nas Casas de Candomblé, que por meio das suas ações, conseguem contribuir de forma significativa para que o período em que o Órìsà permanece incorporado, seja tranquilo e apaziguador, seja para o filho incorporado, para o Órìsà e, mesmo para toda a comunidade.

O que torna uma Ekede referencia para as demais e para o Terreiro, essencialmente é sua postura perante o Òrìsà e, perante o seu Sacerdote. Para uma grande Ekede, o seu objetivo principal é conseguir tratar o Òrìsà como carinho e amor, essas são as características que tornam uma Ekede em uma grande Ekede.

jan
08

PONTO DE LEITURA E PESQUISA NO ILÊ AXÉ OMIDEWÁ

 

 

O Ilê Axé Omidewá está em festa por conquistar mais um caminho, é o Ponto de Leitura que nos trás mais conhecimento através dos livros que recebemos com a parceria da  SEPPIR (SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL) e o IPR (Instituto de Políticas Relacionais). Os livros  estão disponíveis para os filhos se dedicarem a leitura e aprimorar seus conhecimentos ou atiçar a vontade de ler mais sobre sua religiosidade e suas raízes com um vasto acervo.

Passou em Dezembro de 2012 por nossa casa de axé um grupo de pesquisadores do Instituto coletando dados entre  terreiros  e quilombos, apenas 10 estados concorreram para criar um ponto de leitura, paralelamente houve outro edital que está ligado com a fundação biblioteca nacional e fazer a memória ancestral desses pontos. No Brasil inteiro cada lugar está sendo visitado pelos pesquisadores Macapá, Belém, João Pessoa (ilê Asé Omidewá, o único terreiro da Paraíba escolhido) e estavam indo para Teresina).

O projeto consiste em coletar depoimentos para tentar resgatar a memoria dos lugares, dos filhos do axé de cada casa, qual a relação dos filhos de santo com sua memoria ancestral, quem são seus pais, suas mães, qual a relação biológica e a de santo, a ligação que une as pessoas com sua historia, como lhe dão com a intolerância religiosa e trazem para seu dia a dia lhe dar com a rotina religiosa enfrentando o preconceito.

Mae Lúcia deu um depoimento falando de sua historia que vai ser disponibilizada no site que está ainda em construção, por estar em processo de iniciação aos poucos vai sendo exposto e será interativo, quem se interessar vai poder acessar e postar assuntos pertinentes que achem interessante para interagir com o site e servindo como instrumento de trabalho para todos. Vilma e Cintia foram estas pessoas que nos trouxeram mais esse orgulho de aparecer e contribuir por mais este avanço em relação a nossa ancestralidade e luta por mais espaço na sociedade.

O site terá hiperlinks ajudando a divulgar os trabalhos dos projetos de outros terreiros e interligar as casas umas com as outras para uma troca de conhecimentos vividos por todos que fazem parte da religião ou simplesmente se interessam pelo candomblé, onde podem acessar pelo endereço: http://ancestralidadeafricana.org.br/?page_id=128

Em alguns depoimentos colhidos ressalvamos o de Maria Geovana (8 anos) , filha do Ogã Gibson, ela falou sobre sua experiência como candomblecista sendo criança e estudante, onde começou desde a barriga da mãe que na época era ekedy da casa, relatou que explica sobre o candomblé aos amiguinhos da escola e como uma sábia criança ela disse tirar dúvidas dos coleguinhas e que cada um sabe de sua religião tendo de respeitar a dos outros. Já com santo assentado a 3 anos, Geovana tomou borí quando era de colo ainda, se defende e diz-se orgulhosa como negra, sendo aplaudida por todos presente no momento da entrevista.

Por: Andréa Gisele

 

dez
26

ENTREVISTA DE IYÁ LÚCIA PARA O PROGRAMA PANORAMA

 

Mãe Lúcia de Omidewá foi entrevistada pelo programa Panorama do SBT, canal 5 e falou sobre a regência dos orixás em 2013. Oxum, Xangô e Oxóssi serão os grandes poderes para este ano de muita prosperidade no Odú de Obará (responsável pela prosperidade e transmutação), nossa Iyá ensinou como se preparar com muita positividade e energias sempre voltadas para o bem e quem anda corretamente será bem recompensado tendo um ano cheio de bons fluidos, pois os orixás que cuidarão de 2013 são energias de amor, justiça e trabalho com bastante ganhos.

O programa PANORAMA passará sábado (29/12/12) as 9:00 horas no canal 5 (SBT), não percam esta maravilhosa dica de vibrações positivas e muito axé para todos!!!

Por: Andréa Gisele

dez
20

QUARTINHAS DE BARRO

As denominadas “quartinhas de barro” estão presentes em todo o culto africano, nas mais diversas formas em que este se apresenta e acompanham todos os assentamentos de Òrìsà.

Devem ser feitas de barro natural (amò) e em seu interior é colocada água (omi). A água colocada em seu interior transpira e evapora, necessitando assim de um abastecimento constante.

As águas (omi), e o barro primordial (amò), são os elementos utilizados por Òsàlá para moldar o ser humano, para que, após fisicamente moldado, Olódùmarè lhe insufle o Emí, princípio vital representado pela respiração, gerando assim a vida.

As quartinhas então representam vida e criação, elementos sem os quais não existe Òrìsà, tampouco àse.

Sua natureza sempre mutável, precisando constantemente de abastecimento, nos lembra que a vida sempre está em movimento, sendo necessária a renovação contínua e periódica do àse (energia dinâmica em movimento), tanto individual quanto coletivo, princípio este que permeia todo o culto a Òrìsà.

Nota: Essa tarefa de esculpir a figura física dos seres humanos faz Òsàlá ser chamado de Alámò Rere, o perfeito escultor, embora alguns sejam produzidos com deficiência física.

retirado de http://maefernandadeoxum.blogspot.com.br/.

dez
17

Mito de Onilé

 

Na África iorubá, Onilé ocupa lugar central no culto da sociedade masculina secreta Ogboni. A escultura em bronze aqui mostrada, provavelmente do século XVIII, é originária dessa sociedade tem os olhos em semicírculos, que tudo observam em silêncio, e as mãos fechadas e alinhadas, uma sobre a outra, na altura do umbigo, num gesto que simboliza o conhecimento ancestral, conforme os símbolos Ogboni, sociedade que, até o século XIX, cuidava da justiça, julgava criminosos e feiticeiros e executava os condenados à morte.

Louvar Onilé é celebrar as origens. Por isso, quando aparecem junto aos humanos, os antepassados egungun saúdam Onilé, lembrando-nos que ela é anterior a tudo o mais, mesmo às linhagens mais antigas da humanidade.

Onilé é assentada num montículo de terra vermelha, que representa o coração da Terra, podendo também ser montado com terra de cupinzeiro, que é trazida de dentro do solo pelos insetos trabalhadores, e que é vermelha. Dentro do montículo fixa-se uma quartinha com água, pois não há vida na terra desprovida de água. A quartinha dentro da terra simboliza que a água vem de dentro da Terra e que é assim a primeira dádiva de Onilé. A água que jorra do solo forma os regatos, rios, lagos e o próprio mar, de onde sobe para as nuvens e se precipita em chuva, voltando ao solo e subsolo, num ciclo permanente de propiciação da vida. O assentamento é coberto com moedas ou búzios, que entre os antigos iorubanos era dinheiro, representando toda a riqueza e prosperidade que está na Terra, que dela extraímos e na qual vivemos. Vermelho e marrom, cores da terra, são as cores apropriadas para colares de contas que homenageiam Onilé. Na África, os sacrifícios feitos a Onilé incluem caracóis, aves fêmeas e tartarugas No Brasil a legislação pune como crime inafiançável o sacrifício de animais ameaçados de extinção e assim a tartaruga é substituída pela cabra. Aliás, matar um animal em extinção seria uma ofensa imperdoável a Onilé, que é a própria natureza, a grande mãe da ecologia. Além desses animais, dá-se para Onilé tudo o que a terra produz e que o homem transforma: obis, orobôs e todas as demais frutas, inhame e outros tubérculos, feijões, milho, favas, mel, dendê, sal, vinho e tudo mais que vem d a terra pela mão do homem. Cultuada discretamente em terreiros antigos da Bahia e em candomblés africanizados, a Mãe Terra tem despertado recentemente curiosidade e interesse entre os seguidores dos orisás, sobretudo entre aqueles que compõem os seguimentos mais intelectualizados da religião. Onilé, isto é, a Terra, tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião dos orisás, interessados em recuperar a relação orisá-natureza, o culto de Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há em seu mundo. Pois é Onilé quem guarda o planeta e tudo que há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida de tudo que vive sobre a Terra, as plantas, os bichos e a humanidade.

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