“Oxossi saía de casa para caçar, quando Oxum sua esposa, o lembrou que naquele dia caçador nenhum poderia caçar. Oxossi sem se importar, saiu com seu arco, mesmo depois de Oxum ter lhe implorado para não ir. Na mata, encontrou uma cobra linda e a matou apesar dela ter falado que ele não devia. A cozinhou e comeu, depois foi para casa dormir. No outro dia, Oxum o encontrou morto em casa, com um rastro de cobra saindo de seu corpo e indo para a mata. Tanto Oxum chorou e implorou que seu marido voltasse, que Oxalá o fez retornar como orixá, Oxossi.”
mar
14
Itàn: Oxóssi se torna Orixá
mar
11
Itàn: Logun Edè é Salvo das Águas
Logun Edè era filho de Oxóssi com Oxum. Era príncipe do encanto e da magia. Oxóssi e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos. Orgulhosos, eles viviam às turras. A vida do casal estava insuportável resolveram quue era melhor separar. O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxóssi e a outra metade com Oxum no rio. Com isso, Logun se tornou uma criança de personalidade dupla: cresceu metade homem, metade mulher. Oxum proibiu Logun Edè de brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais. Logun não obedecia a mãe. Um dia ele nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona do rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas querelas, começou a afogar Logun. Oxum ficou desesperada e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de mãe. Orunmilá que sempre atendia a filha de Oxalá, retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra. Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas doces. Dizem que Oyá quem retirou Logun Edè da água e terminou de criá-lo juntamente com Ogum.
[ Lenda 66 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
mar
06
Somos nós e somos todas…
Somos nós e somos todas…
Pensando em nós mulheres e nos Orixás, somos todas Iansã e Obá, pois somos guerreiras e não nos falta determinação para conseguirmos nossas vitórias e alcançarmos nossos objetivos.
Quando penso em nós e em nossa natureza maternal, em nossas crianças, quando somos o esteio da família, criamos verdadeiras atmosferas de harmonia em nossa estrutura familiar, aí vejo Iemanjá.
Refletindo um pouco mais penso nas mulheres que são útero, mulheres que trazem a vida na terra, são mãos que amparam, mas nunca deixam de lado suas vaidades, sabedoria, e tem além da beleza exterior uma beleza interior que só quem pode desfrutar de suas companhias sabe. Sim, Oxum.
Tenho que falar nas mulheres que já estão na “melhor” idade, atingiram a plenitude de sua maturidade e são aquelas que nos momentos difíceis ou de dúvidas nos orientam, equilibram, tranquilizam. Inspiro-me em Nanã.
Bem, esta é minha homenagem e desejo que todas vocês mulheres tenham toda garra, suavidade, coragem, força, sensualidade e muita determinação para que sigam em sua caminhada, tendo como exemplo a força que nossos Orixás femininos (Iyabás) nos apresentam e representam.
Então, Feliz “DIA INTERNACIONAL DA MULHER”!
Texto: Leonardo Flari
Imagem criada por Ekede Lú de Nanã
mar
04
IGBÁ – A utilização da Cabaça Ritualística
A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé. É o fruto da cabaceira. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou coité; e as maiorias são denominadas cumbucas. Nos ritos do Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. Os iorubás, como todos os outros povos, aproveitavam as igbá [cabaças] como vasilhas para uso doméstico e ritualístico. As cabaças, dependendo do seu uso, recebiam nomes diferentes:
A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè¹, a cortada em forma de cuia toma o nome de Ìgbá². A cortada em forma de prato é o Ìgbájé3 , ou seja, o recipiente para a comida; a cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ìgbase4 ou cuia do Àse, e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyàwó como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc. que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé. Ado5 – cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omolu, como depósito de seus remédios. No Ógó de Èsù, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos.
6 Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias. Com o corte ao comprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ìpàdé7 e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè8, instrumento musical usado pelos Ogans, durante os toques e cânticos. Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré9, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó. 10 A cabaça inteira em tamanho grande substitui nos ritos de Àsèsè, a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu. Por fim, pode ser lembrado que a cabaça cortada em forma de vasilha com tampa é conhecida como Ìgbádu11, a cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odù: Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.
1 – Akèrègbè – cabaça de bom tamanho [30 a 50 cm], servindo como vasilha para líquidos;
2 – Igbá – cabaça cortada em forma de cuia. ÌGBÀ = assentamento de Orixá; panela onde se guardam os objetos sagrados dos deuses e se faz o sacrifício;
3 – Ibajé – cabaça cortada em forma de prato. Recipiente para a comida;
4 – ÌGBASE – Cabaça cortada acima do meio, formando uma vasilha com tampa;
5 – Ádo – pequena cabaça utilizada para armazenar pós ou remédios. É aquela que se vê nas figuras de Exu, Osaniyn e Obaluaiye;
6 – Cabaça cortada ao meio;
7 – Cabaça do Ipadê;
8 – Agbé – Inteira e revestida de uma rede;
Xequerê instrumento musical.
9 – Séré – cabaça com um longo e fino pescoço. Quando cortada ao meio, serve como uma concha. Quando inteira, serve como chocalho ritualístico para anunciar Xangô, sendo chamada então de SÉRÉ Sángo;
10 – Cabaça Inteira;
11 – Igbadu;
12 – Ahá – pequena cabaça servindo como copo ou xícara para tomar remédios e bebidas;
13 – Ató – cabaça pequena e comprida, utilizada para guardar remédios;
14 – Pòko – ou a metade superior ou a inferior de uma cabaça de forma oval;
15 – Igbá kòtò – cabaça larga e alta, usada para guardar ÈkO [um bolo de milho] quente. Tem uma tampa que pode ser usada como funil;
16 – Koto – cabaça grande e larga, semelhante a um cesto [em formato].
mar
04
RUMBÊ – Educação de Asé
O Rumbê nada mais é do que o conjunto de regras de boa convivência, usadas dentro dos terreiros de candomblé, e sendo assim usa a hierarquia como base para sustentar a ordem.
1º – Iyálorixá / Babálorixá: significado das palavras Iyá do iorubá significa mãe, babá significa pai, ou seja a palavra tradução a famosa expressão Pai de santo, Mãe de Santo.
2º – Iyalaxé (mulher): Mãe do axé, a que distribui o axé e cuida dos objetos ritual.
3º – Iyaegbé / Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia.
4º – Iyakekerê (mulher): Mãe Pequena, segunda sacerdotisa do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos iniciados.
Babakekerê (homem): Pai pequeno, segundo sacerdote do axé ou da comunidade. Sempre pronto a ajudar e ensinar a todos iniciados.
5º – Ojubonã ou Agibonã: É a mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação.
6º – Iyamorô ou Babamorô: Responsável pelo Ipadê de Exú.
7º – Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados. (não entram em transe). Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar ao terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens. No Candomblé Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
8º – Ogã ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
9º – Ekede: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedes. No Terreiro do Gantois, de “Iyárobá” e na Angola, é chamada de “makota de angúzo”, “ekedi” é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.
10º – Ebômi: Ou Egbomi: são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho).
11º – Elegun (também conhecido por Yawò) nesse caso a tradução ao pé da letra dessa palavra é esposa e não iniciado. a palavra iniciado ao pé da letra é elègun ou aquele que possui Orisá : filho-de-santo (que já foi iniciado e entra em transe com o Orisá dono de sua cabeça).
12º- Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a religião após ter passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orixá pedir a iniciação.
Lembrando que existem diversos outros cargos e funções dentro do Candomblé, porém esse é o básico para um leigo compreender o significado das funções hierárquicas do Asé.
mar
03
Itàn: A criação do Arco-íris
Oxunmare, filho de Nanâ e Oxalá, recebeu de Olorun uma missão muito especial e importante para dar continuidade ao processo de criação e renovação da natureza. Sua tarefa consistia em carregar, dentro de suas cabaças, toda água da Terra de volta para o céu. Era uma tarefa árdua e interminável, pois, nem bem ele enchia as nuvens, a água já começava a escorrer, molhando tudo novamente.
Ele não tinha tempo a perder, mas, numa dessas viagens, parou para olhar a Terra e viu um imenso lugar, onde tudo era extraído da lama. Estava faltando alguma coisa para dar mais alegria ao lugar.
O próprio Oxunmare já tinha colocado em movimento todos os seres criados, como Olorun havia ordenado, mas ainda não bastava, tudo parecia muito igual e sem vibração.
Ele resolveu, então, pedir a Deus que o ajudasse a encontrar uma maneira de trazer mais felicidade para a Terra, e Olorun concedeu a ele a realização desse desejo.
Quando estava carregando água, sem querer, deixou cair algumas gotas pelo caminho. De repente, formou-se um arco colorido, de uma beleza incrível.
Aquele arco mostrava as cores do universo, e, através dele e de suas infinitas combinações, Oxunmare poderia colorir toda a Terra com diversos matizes, tornando-a mais alegre e vibrante.
A partir de então, formou-se uma aliança entre Deus (Olorun) e os seres criados, que sempre poderia ser vista quando as águas do céu encontrassem a luz do sol.
O arco-íris tornou-se, também, símbolo desse Orixá, que gosta de movimento e harmonia em todas as coisas.
mar
01
Itàn: Exu faz o primeiro Ogã
Uma das lendas diz que o primeiro Alagbe foi Exú.
Ele tocava e cantava para os outros Orixás poderem dançar, durante as suas reuniões. Entretanto, o toque de Exu era bem alto e estridente, impossibilitando os outros Orixás de conversarem. Um dia, eles se irritaram com Exú e o mandaram parar de tocar.
Algum tempo depois começaram a sentir falta dos ritmos de Exú para dançar. As reuniões estavam sem graça e desanimada. A festa de Exú estava fazendo muita falta. Foram então a procura de Exú para que ele voltasse a tocar seus ritmos maravilhosos. Entretanto, Exú sendo muito orgulhoso recusou-se, mas, compadecido, disse que ensinaria os ritmos e toques ao primeiro homem que encontrasse pelo seu caminho.
O primeiro homem que Exú encontrou chamava-se Ogã, e como prometido Exú ensinou todos os ritmos dos demais Orixás a ele.
mar
01
OS PRÍNCIPES DO DESTINO – PARTE XII
DECIMA PRIMEIRA REUNIÃO
O adivinho que prendeu treze ladrões com um grão de milho
Entre as muitas historias que na decima primeira reunião povoaram a imaginação dos principes do destino, contou Ouorim, auxiliando por Ejiologbom, que é um adivinho de nome Odoguiá foi chamado para solucionar um roubo misterioso. Uma quadrilha tinha invadido a casa de um homem rico e, sem que ninguém visse ou ouvisse nada, roubaram todos os seus mais preciosos bens.
Odoguiá disse que daria a lista completa dos ladroes e que não precisava de tempo maior que trinta dias para completar necessária investigação. Odoguiá passou o primeiro dia na casa roubada e mandou pôr uma caneca de lata no batente da janela que dava de frente para a rua. Ao entardecer do primeiro dia, depois de andar pra la e pra cá jogou um grão de milho na caneca de lata. todo mundo escutou o barulho de milho na lata. Então ele disse: “Já tenho um”. No segundo dia, quando havia luz do sol, esquadrinhou a casa toda, inquiriu moradores e vizinhos e, de noite, fazendo muito estardalhaço, jogou o grão de milho na caneca. Disse: “Já tenho dois”. No terceiro dia a mesma coisa, no quarto também.
Numa cidade pequena, todo mundo sabe o que acontece e todo mundo quer sempre estar a par de tudo. Começou a juntar gente para ver os movimentos do adivinho. Só se falava disso na cidade. Os ladroes começaram a ficar tao preocupados que, disfarçados também vinham apreciar a cena. Cada dia o adivinho Odoguiá mostrava a maior segurança. Já não cabia em si de alegria quando, no decimo dia, jogou o milho na caneca de lata e disse: “Já tenho dez”. Os ladroes, que eram treze já não se aguentavam de nervosos. Todos na cidade comentavam que Odoguiá já tinha dez dos nomes dos ladroes. Na noite anterior ele havia dito: “Já tenho dez”.
Então, faltavam só três, calculavam os ladroes entre si. Quando o adivinho soubesse o nome dos treze, certamente os entregaria ao rei. A quadrilha já não suportava mais a tensão massacrante que se acumulava a cada lance de milho na caneca de lata. No decimo primeiro dia os ladroes se entregaram a Odoguiá. Disseram que devolveriam tudo que tinha sido roubado e pediram a Odoguiá que intercedesse por eles junto ao rei. Odoguiá concordou. Os bens foram devolvidos e os ladroes foram punidos com uma pena leve. Uma parte dos bens recuperados foi dada a Odoguiá e sua fama de adivinho nunca mais parou de crescer.
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A continuar…
mar
01
OS PRINCIPES DO DESTINO – PARTE XI
DECIMA REUNIÃO
Os homens provocam a separação entre o Céu e a Terra
Houve um tempo em que não havia separação entre o mundo dos homens, a Terra, o Aiê, e o mundo dos deuses, o Céu dos orixás o Orum. Os homens iam ao Céu visitar os orixás e os orixás vinham visitar os homens na Terra. Mas sempre que um ser humano ia ao Orum, tudo ali ficava imundo e feio. Os homens largavam no chão tudo quanto era lixo. Emporcalhavam as brancas paredes dos palácios e das casas, pichavam muros e edifícios com marcas sem sentido.
Contou o príncipe Ofum, na decima reunião com Ifá, que Oxalá o deus negro que se veste de branco, o orixá que do barro modelou o homem, aquele que merece o respeito máximo ficou muito irritado com a sujeira dos humanos, dos homens que ele mesmo havia fabricado. Oxalá foi queixar-se a Olorum, deus supremo, e Olorum separou para sempre o Céu da Terra. Desde então os deuses moram la no Orum, em paz, e os homens e as mulheres vivem aqui no aiê a trabalhar. E em vida os homens nunca mais puderam passear no Céu dos orixás.
Mas a humanidade não aprendeu a lição e aqui na Terra tudo continua sujo e feio, emporcalham as brancas paredes dos palácios e das casas, picham muros e edifícios com frases sem sentido.
Naquele dia, durante o banquete na casa de Ifá, no Orum, nenhum dos príncipes do destino jogou no chão restos de comida.
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A continuar…..
fev
28
Itàn: A disputa entre Ogun e Nanã
Nanã Buruku é uma velhíssima divindade das águas, vinda de muito longe e há muito tempo. Ogum é um poderoso chefe guerreiro que anda, sempre, à frente dos outros Imalés. Eles vão, um dia, a uma reunião. É a reunião dos duzentos Imalés da direita e dos quatrocentos Imalés da esquerda. Eles discutem sobre seus poderes. Eles falam muito sobre Obatalá, aquele que criou os seres humanos. Eles falam sobre Orunmilá, o senhor do destino dos homens. Eles falam sobre Esú: “Ah! É um importante mensageiro!” Eles falam muita coisa a respeito de Ogum. Eles dizem: “É graças a seus instrumentos que nós podemos viver. Declaramos que é o mais importante entre nós!”
Nanã Buruku contesta então: “Não digam isto. Que importância tem, então, os trabalhos que ele realiza?” Os demais orixás respondem: “É graças a seus instrumentos que trabalhamos pelo nosso alimento. É graças a seus instrumentos que cultivamos os campos. São eles que utilizamos para esquartejar.” Nanã conclui que não renderá homenagem a Ogum. “Por que não haverá um outro Imalé mais importante?” Ogum diz: “Ah! Ah! Considerando que todos os outros Imalés me rendem homenagem, me parece justo, Nanã, que você também o faça.”
Nanã responde que não reconhece sua superioridade. Ambos discutem assim por muito tempo. Ogum perguntando: “Você pretende que eu não seja indispensável?”. Nanã garantindo que isto ela podia afirmar dez vezes. Ogum diz então: “Muito bem! Vais saber que eu sou indispensável para todas as coisas.” Nanã, por sua vez, declara que, a partir daquele dia, ela não utilizará absolutamente nada fabricado por Ogum e poderá, ainda assim, tudo realizar. Ogum questiona: “Como você fará? Você não sabe que sou o proprietário de todos os metais? Estanho, chumbo, ferro, cobre. Eu os possuo todos.” Os filhos de Nanã eram caçadores. Para matar um animal, eles passaram a se servir de um pedaço de pau, afiado em forma de faca, para o esquartejar. Os animais oferecidos a Nanã são mortos e decepados com instrumentos de madeira. Não pode ser utilizada a faca de metal para cortar sua carne, por causa da disputa que, desde aquele dia, opôs Ogum a Nanã.