jul
14

OXUM NA ORGANIZAÇÃO DO MUNDO…

Era uma vez, no princípio do mundo, Olodumaré mandou todos os orixás para organizarem a terra. Os homens faziam reuniões e mais reuniões. Somente os homens, as mulheres não eram convidadas. Aliás as mulheres foram proibidas de participar da organização do mundo.Deste modo nos dias e horas marcadas,os homens deixavam em casa as suas mulheres e saiam para tomar as providências indicada por Olodumaré.

As mulheres não gostaram de ficar de lado. Contrariadas foram conversar com Oxum. Oxum era conhecida como uma Iyalodé.Iyalodé é um título da pessoa mais importante entre as mulheres do lugar.

Na verdade parece que os homens tinham esquecido do poder de Oxum sobre a água doce.E sem a água doce,com certeza,a vida na terra seria impossível.

Oxum já estava aborrecida com esta desconsideração dos homens. Afinal ela não poderia de forma alguma ficar longe das deliberações para o crescimento das coisas da terra. Ela sabia de tudo o que estava acontecendo. Era preciso compreender que todos são importantes para construção do mundo.

Procurada por suas companheiras, conversaram durante muito tempo e por fim a Iyalodé comunicou:- De hoje em diante, vamos mostrar o nosso protesto para os homens. Vamos chamar atenção,porque somos todos responsáveis pela construção do mundo.Enquanto não formos consideradas,vamos parar o mundo!

-Parar o mundo?O que significa isto?Perguntaram as mulheres curiosas.

-De hoje em diante, falou Oxum, até que os homens venham conversar conosco, estamos todas impedidas de parir. Também as árvores não vão mais dar frutos, nem as plantas vão florescer, nem crescer. Isto foi dito e isto aconteceu.

Aquela foi uma reunião muito forte. A decisão foi acatada por todas as mulheres. E os resultados foram imediatos. Os planos que os homens faziam, começaram a se perder sem nenhum efeito.

Desesperados, os homens se dirigiram a Olodumaré explicaram como as coisas iam mal sobre a terra. As decisões tomadas nas assembléias não davam certo de forma nenhum.

Olodumaré ficou surpreso com as más notícias. Depois de meditar por alguns instantes perguntou:

-Vocês estão fazendo tudo como eu mandei?Oxum está participando destas reuniões?Os homens responderam?-Veja senhor, estamos fazendo tudo “direitinho” como o senhor mandou. Agora, este negócio de mulher participando de nossas reuniões… Isto ai,a gente não fez assim não.Coisa de homem,tem que ser separado de coisa de mulher.

Olodumaré falou forte:

-Não é possível. Oxum é o orixá da fecundidade. É quem faz desenvolver tudo que é criado. Sem Oxum o que é criado não tem como progredir. Por exemplo, vocês já viram alguma coisa plantada crescer sem água doce?

Os homens voltaram correndo para a terra e cuidara logo de corrigir aquela grande falha. Quando chegaram à casa de Oxum, ela já esperava na porta, fazendo jeito de quem não sabia o que estava acontecendo. Aí os homens foram chegando e dizendo:

-Agô nilê!(Com licença).

-Omo nilê ni ka a gô (filho da casa não pede licença).

Deste jeito ela os convidou a entrar em sua casa. Conversaram muito para convencer a Oxum. Eles pediam que ela participasse imediatamente dos seus trabalhos de organização de terra. Depois que ela se fez bem de rogada,aceitou o convite.

Não tardou e tudo mudou como por encanto. Oxum derramou-se em água pelo mundo. A terra molhada reviveu.As mulheres voltaram a parir.Tudo floresceu e os planos dos homens conseguiram felizes resultados.Daí por diante,cada vez que terminavam uma assembléia,homens e mulheres cantavam e dançavam com muita alegria,comemorando o reencontro e suas possíveis realizações…..

jul
14

Oxum Descobre os Segredos dos Búzios

 

Filha de Oxalá, Oxum sempre foi uma moça muito curiosa, bisbilhoteira, interessada em aprender tudo. Como sempre fora manhosa, além de muito mimada, conseguia tudo de seu pai, o deus do branco. Sempre que Oxalá queria saber de algo, consultava Ifá. O Senhor da adivinhação, para que ele visse o destino a ser seguido. Ifá, por sua vez, sempre dizia à Oxalá:

– Pergunte a Exu, pois ele tem o poder de ver os búzios!

E este acontecimento se repetia a cada vez que Oxalá precisava saber de algo. Isto intrigou Oxum, que pediu ao pai para aprender a ver o destino. E Oxalá disse à filha:

– Oxum, esse poder pertence a Ifá, que proporcionou a Exu o conhecimento de ler e interpretar os búzios. Isto não posso lhe dar!

Curiosa Oxum procurou, então, uma saída. Sabia que o segredo dos búzios estava com Exu e procurou-o para lhe ensinasse.

– Ensina-me, Exu! Eu também quero saber como ver o destino.

Ao que Exu respondeu:

-Não, não! O segredo é meu, e me foi dado por Ifá. Isso eu não ensino!

Exu estava intransigente. Oxum sabia disso e percebeu que não conseguiria nada com ele. Partiu, então, para a floresta, onde viviam as feiticeiras Yámi Oxorongá. Cuidadosa, foi se aproximando pouco a pouco do âmago da floresta. Afinal, sua curiosidade e a decisão de desbancar Exu eram mais fortes que o medo que sentia.

Em dado momento deparou-se com as Yámi, empoleiradas nas árvores. Entre risos e gritos alucinantes, perguntaram à jovem Oxum:

– O que você quer aqui mocinha?

– Gostaria de aprender a magia! Disse Oxum, em tom amedrontado.

– E por que quer aprender magia?

– Quero enganar Exu e descobrir o segredo dos búzios!

As Yámi, há muito querendo castigar Exu, resolveram investir na bela Oxum, ensinando-a todo o tipo de magia, mas advertiram que, sempre que ela usasse o feitiço, teria de fazer-lhes uma oferenda. Oxum concordou e partiu.

Em seu reino, Oxalá já se preocupava com a demora da filha que, ao chegar, foi diretamente ao encontro de Exu. Ao encontrar com ele, Oxum insistiu:

– Ensina-me a ver os búzios?

– Não e não! Já dei minha resposta.

Oxum, então, com a mão cheia de um pó brilhante, mandou que Exu olhasse e adivinhasse o que tinha escondido entre os dedos. Exu chegou perto e fixou o olhar. Oxum, num movimento rápido, abriu a mão e soprou o pó no rosto de Exu, deixando-o temporariamente cego.

– Ai! Ai! Não enxergo nada, onde estão meus búzios? Gritava Exu.

Oxum, fingindo preocupação e interesse em ajudar, perguntou a Exu:

– Eu os procuro, quantos búzios, formam o jogo?

– Ai! Ai! São 16 búzios. Procure-os para mim, procure-os!

– Tem certeza de que são 16, Exu? E por que seriam 16?

– Ora, porque 16 são os Odus e cada um deles fala 16 vezes, num total de 256.

– Ah! Sei. Olha, Exu, achei um, ele é grande!

– É Okanran! Ai! Ai! Não enxergo nada!

– Olha, achei outro, é menorzinho.

– É Eji-okô, me dê, me dê!

– Ih! Exu,. Achei um compridinho!

– E Etá-Ogundá, passa para cá….

E assim foi , até chegar ao último Odu. Inteligente, Oxum guardou o segredo do jogo e voltou ao seu reino. Deixou para trás Exu com os olhos ardidos e com a desconfiança de que fora enganado.

– Hum! Acho que essa garota me passou para trás!

No reino de Oxalá, Oxum disse ao pai que procurara as Yámi, e que com elas aprendera a arte da magia e que tomara de Exu o segredo do Jogo de Búzios. Ifá, o Senhor da adivinhação, admirado pela coragem e inteligência de Oxum, resolveu dar-lhe então, o poder do jogo e advertiu que ela iria regê-lo juntamente com Exu.

Oxalá quis saber ao certo o porquê de tudo aquilo e pediu explicações à filha. Meiga, Oxum respondeu ao pai:

– Fiz tudo isso por amor ao Senhor, meu pai. Apenas por amor!

jul
10

ENTREVISTA DE MÃE LÚCIA AO JORNAL “NEGRA VOZ”

 

Será publicada ainda este mês de Julho no jornal “Negra Voz” uma entrevista feita a nossa mãe Lúcia de Omidewá, falando suas impressões sobre o dia 25 de Julho quando comemora-se desde 1992 o “Dia internacional da mulher negra Latino-americana e Caribenha”. Temos a honra de ler em primeira mão a opinião  de uma mulher ativista e defensora dos direitos feministas e femininos, segue abaixo toda a expressão de uma pessoa que sabe o que é ser mulher nesse mundo POR ENQUANTO machista.

O que representa o dia 25 de Julho (DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA)  e se há o que comemorar.

É um marco para nós mulheres afro-descendentes, de muito significado, pois deu visibilidade a este segmento no mundo todo. Os avanços existem, mas precisamos conquistar muito mais, enfrentando o sexismo e a discriminação racial especialmente. Esta data se torna importante para o nosso fortalecimento como mulheres negras, há pouco a se comemorar ainda, mas creio que com nossa persistência iremos avançar nas políticas voltadas para nosso gênero.

Estamos num momento ímpar onde quase todas as mulheres negras estão acordando para seus valores, é de suma importância à participação da juventude na atual conjuntura. Infelizmente só a partir de 1992 foi criado este dia pela ONU, onde se juntaram mulheres do mundo inteiro para lutar por sua suas causas e sendo um movimento jovem os avanços são poucos. Volto a falar sobre a importância do movimento de mulheres jovens negras para agregar as forças e continuar a chamar atenção para um mundo de igualdades raciais.

Meu desejo para esta luta é que consigamos avançar cada dia mais a partir do nosso reconhecimento, pois temos os dois pés dentro da historia e religiosidade da nossa raça, precisamos fomentar este conhecimento repassando aos mais jovens, ajudando-os a primeiramente se valorizarem para requerer seu valor no mundo lá fora.

Por: Andréa Gisele

jul
05

Comportamento

1- Não retrucar a mãe de santo.

2- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto da atenção da mãe de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que outras pessoas presenciem.

3 – Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra à mãe de santo. Detalhe:  Só interromper a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se chegar junto à ela, ficar abaixado esperando que ela pergunte o que deseja. Quando ela perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ”.

4 – Nunca, seja no seu barracão ou no barracão alheio, deve-se sentar na mesma altura que sua mãe de santo.  Ela já passou por vários sacrifícios para estar sentada confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho.

5 – Yawo e abian não bebe nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no barracão alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekedi, ogan e zelador.

6 – Yawo e abian não come em prato de vidro ou louça. Apenas em pratinho de plástico ou ágata. Aliás, devemos lembrar que é de boa educação cada filho trazer seu devido pratinho de ágata e sua devida canequinha para seu uso pessoal no barracão.

7- Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave.

8-  Arrume seu Ilê. Mantenha tudo organizado, cada um fazendo sua parte.

9- Resolveu visitar a mãe de santo? Que maravilha! Ela adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum, pois como é do conhecimento de todos, a mãe de santo não é rica e nem tem obrigação de alimentar todo mundo.

10-Ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: a) Tomar seu banho e ir trocar de roupa; b) Dar “adobá/iká”  no axé, na porta do quarto de santo e pro pai de santo;  c) Tomar a benção à TODOS os seus irmãos.

11- Acabou de fazer todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes, ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do APOTI¹, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até relaxar seus ossos. Ela é sua! Aproveite!

12- Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição,  antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra, é etiqueta.

13- Você gosta que fiquem pegando suas roupas emprestadas? Pois é, a mãe de santo também não gosta. Portanto, que tal ir comprar um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro dia-a-dia?

14- Trate bem os clientes que vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada.

15- Vai ter festa.  Mas, e o dinheiro para comprar flores, material para ajeum, etc.? Todos da comunidade de Axé devem contribuir.

16- Contribua com o Ilê na compra do Gás, na conta da água e luz. Afinal, todos fazem uso.

17- Não desperdice comida. Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu com este maravilhoso ajeum é o coerente.  Se você tem alguma sugestão, leve-a antes à Mãe ou ao Pai de santo.

18- Ficou cansado depois da festa? Lembre-se da limpeza do barracão. Organize tudo com seus irmãos antes de ir embora.

19- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de cochicho e risinhos irônicos.  Respeito!

20- Anágua encardida, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA! Devem ser brancas como a neve, salve anágua de ráfia ou entretela.

21- Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, não para arrumar namoro ou casório.

22- Vai ter festa na casa de amigos no meio da semana, no mesmo dia de função do barracão? Então, peça para guardarem seu lanchinho e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos.

23- Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua nada de ficar criticando. Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu. Ajude sua irmã caso ela não tenha condição de ter uma roupa melhor.

24- Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar falando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é.  O que pode parecer errado pra você, pode não ser pro próximo.

25- Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra.  Sempre.

26-Respeito é bom e faz bem. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver a mãe de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora.

27- Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e top’s devem ser usados somente fora do Ilê. Roupa preta jamais nem na sua casa e nem na casa dos outros.

28- Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir.

29- Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não à ela própria. Portanto, todos devem trocar a benção, mais novos com mais velhos e vice-versa.

30- Nunca deve fumar na frente da sua mãe de Santo. Nunca fumar no barracão.

31- No barracão o yaô não deve dormir em cama.

32- Se está frio não deixe de levar seu cobertor. Em qualquer situação leve sua toalha de banho, depois de usá-la estenda. Ninguém tem obrigação de ficar recolhendo roupa de filho de santo que fica jogada pelos cantos.

33- Se você levou uma roupa emprestada que usou para lavar não esqueça de devolver.

34- Não deixem roupas que emprestaram do barracão jogadas pelo chão. Veja de onde foi tirada e recoloque no lugar assim que se trocar.

35- Vai ter festa: 15 dias antes separe sua roupa, engome o que for preciso. Deixe tudo arrumado. No barracão pode não dar tempo de arrumar, nem de engomar, então mãos a obra.

(Autor desconhecido)

jul
05

SOBRE A ROÇA DE CANDOMBLÉ


I. Quando saímos de nossa casa e vamos para a roça(barracão) preciamos ter em mente que apesar de ser nossa lar espiritual onde nosso orisa mora, não é lugar para deixar coisas jogadas pelo chão ou pelos cantos. Ambiente limpo é sinal de prosperidade!
II. É de bom tom levar seu material de higiene, inclusive papel higiênico. A roça não tem obrigação de ficar fornecendo as coisas. Contribua, participe, seja ativo.
III. Banheiro esta sujo? Lixo cheio? Seu irmão não fez? Faça você! Não cai a mão! Ao ver um irmão sujando ou emporcalhando o ambiente, educadamente chame ele a razão, não precisa brigar nem discutir, mas se o dialogo não se estabelecer, comunique seu zelador.
IV. Fofoca, cara feia, mal humor… Isso vai existir em TODAS AS CASAS, porque são pessoas de educação e famílias diferentes tentando congregar. O que muda é o pulso do zelador e o caráter do mesmo. Se o mesmo não da margem para que a picuinha renda, a convivência se torna muito amis agradável.
V. A casa não serve mais para você? Mas foi ela que lhe acolheu, bem ou mal o zelador usou o conhecimento que tinha. Mude de local, mas não cuspa no prato que comeu e respeite a sua navalha. A gratidão pelo aprendizado que teve(bom ou ruim) é uma forma de evoluir.
VI. Contribua financeiramente para a sua casa de ase. La mora seu orisa, o que o zelador vai fazer com o dinheiro não lhe diz respeito, ele vai acertar as contas com o lado espiritual, faça a sua parte;
VII. Amar o orisá é passar por cima do orgulho, da vaidade, do ego.
VIII. A função na roça é um momento importante. É onde se aprende, onde se vive e onde de comunga com a energia do orisa. Participe, busque se envolver. Um yawo comprometido com o orisa é abençoado todos os dias. O Shopping pode esperar já eu a função não é todo dia.
IX. Ao levantar e ao deitar agradeça seu orisa.
X. Irmão de santo nem sempre é agradável, alguns fazem questão da fofoca, outros são puxa saco, outros folgados. No entanto saiba aprender observando e valorize o que cada um tem de bom. Isso mostra o seu amadurecimento dentro do culto.
XI. Mantenha sua roupa de ração completa, limpa e com seus fios de conta e tudo o mais que fazer parte da sua casa. O bom yawo cuida dos seus pertences.
XII. Compre uma eni(esteira) e leve para a sua casa ou guarde na sua. Em dias de função pesada e com muita gente, pode ser necessário para que você descanse um pouco.
XIII. Percebeu que falta algo para agilizar? Em vez de reclamar faça uma vaquinha entre os irmãos e compre ou se tiver condições compre você mesmo. Tome atitude em vez de reclamar.
XIV. Nunca minta para o seu orisa.
XV. Estude, procure a sabedoria, o conhecimento. Yawo burro e despreparado é um atraso. Aquele que busca o orisa precisa buscar conhecer. Observe os evangélicos eles sabem argumentar porque conhecem do que falam. Seria bom adquirirmos esse hábito deles.
XVI. Conheça a constituição, leia sobre seus direitos perante o culto, participe de eventos e reuniões inter religiosas. Ser ativo é uma forma de participar e defender a sua fé!
XVII. Respeite os outros credos. Quando temos postura, mesmo o mais rebelde se cala. Uma postura de respeito à si e com o outro faz com que ele baixe as armas do ataque.
XVIII. A alegria faz parte do culto, nossos antepassados cantavam o tempo todo. Esta na roça? Cante, seja alegre, participe. Se seu humor não esta legal, fique em casa, não desconte nos irmãos e na casa sua falta de atitude na vida e seus problemas.
XIX. Orisa da caminhos, não é uma maquina de resolução e de formar milionários.
XX. Seja senhor das suas palavras para não ser escravo delas. Lembre-se do poder do ofô(palavra) no culto. Ouça mais e fale menos

jun
19

SALVE OS PRETOS VELHOS!

ACONTECEU NO INÍCIO DESTE MÊS DE JUNHO A FESTA DOS PRETOS VELHOS NO ILÊ AXÉ OMIDEWÁ, COM A PARTICIPAÇÃO DOS ÍNDIOS DA TRIBO CARIRI XOCRÓ COM O PAJÉ  IASURI DE ALAGOAS. FOI UMA NOITE ABENÇOADA COM A FORÇA INDÍGENA JUNTO COM A DO NOSSO POVO. SALVE A JUREMA SAGRADA! SALVE OS NOSSOS ANTEPASSADOS! SALVE O POVO INDÍGENA E SUA FORÇA!

 

“Desde o século XVI, documentos escritos pelo colonizador e narrativas deixadas por cronistas e viajantes relatam rituais mágico-religiosos encontrados entre populações indígenas do nordeste brasileiro, em que bebiam, fumavam, manipulavam ervas, invocavam seus antepassados. Um desses escritos descreve a santidade do Jaguaripe ocorrida no sertão baiano por volta de 1583, evidencia um processo de religiosidade sincrética nascida no encontro entre missionários e índios e revela relações de dominação-subordinação entre nativos e portugueses. O culto aos maracás da santidade reproduz a crença de que os maracás abrigavam os espíritos, sendo adorados e idolatrados através de cantos, danças e do uso do tabaco. Apresenta-se simbolicamente como uma forma de resistência da população indígena contra a colonização portuguesa.

Um outro documento menciona o falecimento na prisão, em 1758, de um índio da aldeia de Mepibu, no Rio Grande do Norte, preso por ter feito adjunto de jurema, cerimônia coletiva com fins religiosos e terapêuticos, em que dançavam, fumavam cachimbo e bebiam jurema. Em 1816, o viajante inglês Henry Koster observa uma dessas cerimônias realizadas nos arredores de Olinda e descreve que havia um grande vaso de barro no centro da cabana em torno do qual dançavam homens e mulheres e o cachimbo era passado entre os participantes.”

TEXTO  EXTRAÍDO DA INTERNET

Por: Andréa Gisele

jun
19

Conto Sobre Exu – YouTube

CLIQUE NO LINK AO LADO PARA ASSISTIR AO VÍDEO –>   Conto Sobre Exu – YouTube.

jun
19

OS VALORES QUE PASSAMOS PARA NOSSOS FILHOS

Fabiana Mascarenhas

Quando criança, tinha vergonha do meu cabelo. Sonhava em ter o penteado igual ao das amiguinhas de sala, sempre liso e brilhante. A televisão, a mídia, a indústria de brinquedos, a própria sociedade, tudo me levava a achar que era feia por ter cabelo crespo. Não à toa, fui uma das inúmeras crianças que teve apelidos por conta da cor da pele. Nascida de um pai negro e uma mãe branca, no seio familiar, meus  pais me faziam entender que era linda do que jeito que nasci. Nunca houve discurso em defesa dos negros, assim como nunca tiveram o costume de arrumar o meu cabelo no estilo “afro”, com o objetivo de reafirmar a minha negritude.

Talvez, por isso, um episódio ocorrido na última semana tenha me deixado tão sensibilizada. Uma criança negra, com cabelo escovado, entrou com a mãe em um elevador lotado de um centro comercial de Salvador. A criança – que imagino ter entre sete e oito anos – olhou para mim e, depois de muito examinar, perguntou por que o meu cabelo “é para cima”. Explico que ele não é para cima, que penteio assim porque gosto e acho bonito. Em seguida, ela diz: “Ele é duro, né?”. Neste momento, todos no elevador riem. Respondo que ele é crespo, não duro. “Não existe cabelo duro ou mole, mas liso, cacheado, crespo. E o seu, você acha que é como?”, pergunto.
Ela responde que a mãe diz que o cabelo dela é duro e, por isso, ela alisa. “Não gosto. Queria ter o cabelo assim como o seu, mas minha mãe não gosta. Diz que é coisa de preto pobre”, fala, inocentemente. A mãe, sem olhar em nenhum momento para mim, dá um forte beliscão na garota e diz: “Menina, como é que você diz uma coisa dessas! Cale a boca!”. No mesmo instante, nasce um silêncio constrangedor no ambiente. No entra e sai das pessoas, a criança, com cara de choro, deixa de olhar para mim e mantém o olhar fixo na porta do elevador.
Chegamos, então, ao 11º andar. Tenho que descer. Antes, porém, falo com a garota: “Sua mãe tem o direito de ter a opinião dela e escolher de que maneira ela deve criá-la, mas ter o cabelo desse jeito não é coisa de preto pobre. Não importa se a pessoa é preta, branca, pobre ou rica, ela tem o direito de usar e fazer o que ela quiser com o cabelo. Quando você crescer e puder cuidar do próprio cabelo, aí você deixa assim, do jeito que você quer, tá bom?”.
A garotinha apenas sorri. A mãe, por sua vez, olha para mim com cara de indignação. Puxa a menina para perto dela e diz, em tom alterado: “Pode deixar que da minha filha cuido eu. Ela vai ter o cabelo do jeito que eu quiser”. Foi, então, que respondi: “Até pode ser, mas a raça dela é essa, minha senhora. E isso, felizmente, você não pode mudar”. A porta do elevador se fecha.
Volto a lembrar dos meus pais, que sempre me mostraram que toda e qualquer pessoa deveria ser respeitada do jeito que era, independentemente da cor ou classe social. Podia ter o cabelo trançado, encaracolado, escovado, black power, enfim, cada um adere ao estilo que lhe convém. Mais do que ensinar a filha a valorizar a própria raça, os valores que me foram passados tinham como base o respeito à diversidade. E foi assim que cresci, tendo o entendimento de que, mais do que na aparência, a minha negritude estava na consciência.
O caso chama atenção pela total ingenuidade da criança e pelo posicionamento da mãe, tão negra quanto eu. Depois de a porta do elevador se fechar, ficou em mim a tristeza pela garota. Que tipo de valores essa mãe está passando à filha? Me pergunto se, tendo este tipo de criação, ela crescerá tendo um posicionamento diferente. É bem provável que não, o que dificulta ainda mais o combate ao preconceito, uma vez que serão crianças como ela os agentes do futuro. Estarão à frente das empresas, dos centros religiosos, do governo, reproduzindo o preconceito que perdura há anos, justamente por conta dessa transferência absurda de valores. Não podemos esquecer, ninguém nasce preconceituoso. Portanto, pais, eu lhes pergunto: que tipo de valores vocês estão passando para seus filhos?

Não importa se a pessoa é preta, branca, pobre ou rica, ela tem o direito de usar e fazer o que ela quiser com o cabelo.

 

Fabiana Mascarenhas é jornalista e repórter do Grupo A TARDE

maio
25

SEMINÁRIO DO PLANO NACIONAL DE CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Aconteceu no dia 27 de Abril deste ano o SEMINÁRIO DO PLANO NACIONAL DE CULTURA AFRO-BRASILEIRA no SINTEL, com a presença do secretário de cultura do estado Chico César e  Alexandro Reis subsecretário da Seppir. Nossa mãe Lúcia esteve presente com sua fala forte e exigiu dos representantes do governo uma presença mais efetiva nas ações para o povo de terreiro.

Por: Andréa Gisele

maio
24

VISITA DE SOCORRO GUTERRES DA SEPPIR

O Ilê Axé Omidewá recebeu nesta quarta-feira (24/05) a visita da gerente de projetos Maria do Socorro Guterres, ela representa a SEPPIR (SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL) e nos trouxe alguns esclarecimentos sobre a distribuição das cestas básicas e a elaboração e inscrição de projetos para o povo da cultura de matriz africana. Para acabar com vários comentários surgidos, Socorro Guterres nos trouxe a noticia de que haverá um recadastramento e não serão suspensas as cestas, apenas não serão feitas

novas adesões ampliando o numero de famílias que já recebem o beneficio, ou seja, quem já recebe continua recebendo, a ampliação vai depender dos resultados obtidos depois da avaliação. O recadastramento servirá para a SEPPIR avaliar quem são as famílias que recebem as cestas, quantas são de fato essas famílias e qual a situação real delas, mas não descartou a possibilidade da expansão do numero de cestas distribuídas futuramente, primeiro será feito essa análise. Esta ação da distribuição de cestas para a comunidade surgiu a partir da solicitação do Dr. Nilo Nogueira, que foi consultor da subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (SubCom) da SEPPIR, atualmente afastado dessa função. A representante deixou claro que a SEPPIR é articuladora das necessidades dos povos de terreiro dentro do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), não podendo executar as ações e sim mostrar nossas necessidades ao governo para que ele possa exercer sua função. Cada estado tem um representante e o mesmo receberá por e-mail uma ficha a ser preenchida eletronicamente, repassada para a SEPPIR que encaminhará para o MDS.

Mudanças na gestão do MDS

Em Junho deste ano o contrato de cooperação entre CONAB/MDS será encerrado para renovação com base das novas informações e estabelecendo critérios no programa para diminuir problemas existentes em todo Brasil.

Outro ponto da reunião foi o incentivo do governo para que as organizações sem fins lucrativos, como nosso Ilê, se insiram na elaboração de projetos para trazer oficinas de capacitações e fortalecimento das lideranças e geração de renda para a comunidade, sendo inseridos nas políticas publicas de saúde, educação e trabalho para o povo de matriz africana, esse avanço foi resultado do seminário que aconteceu em Dezembro de 2011 onde foi contratada uma consultoria para fazer o mapeamento das comunidades de matriz africana, dando material para o governo elaborar as políticas nacionais nas áreas. O link do edital é o http://www.seppir.gov.br/chamada-publica/edital-capacitacao-de-liderancas-e-o-fortalecimento-institucional-junto-as-comunidades-tradicionais-de-matriz-africana-no-brasil

A data para inscrições foi alterada para até inicio de Junho,  mais informações acessem o site da SEPPIR http://www.seppir.gov.br/

Por: Andréa Gisele

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