nov
01

Espiritualidade e Merecimento

Hoje quero falar sobre espiritualidade e seu “merecimento”.
Penso que como Pascal afirma o “esprit de geometrie, e o esprit du coeur.” Ou seja existe a razão das ideias e um intelectos dos sentimentos. Cito também o poeta Gerhard Tersteegen que escreveu: “Fecha as portas dos teus sentidos e busca a Deus lá dentro, em profundidade”.
A primeira de nossas responsabilidades deve ser o “cuidar” de nosso próprio equilíbrio. Noto que nos deixamos influenciar pelos outros e muitas vezes nos deixamos envolver em assuntos que não nos dizem respeito, com isto acabamos por absorver movimentos/energias que não são nossas, o resultado ficamos maus.
Uma boa prática ainda é o calar e observar, agirmos menos por impulso colabora para que possamos conter nossos arroubos de opinião sobre a vida alheia.
O Candomblé, ou seja, o Ilê é um templo onde os orixás nos mostram e trazem elevações espirituais, mas afinal o que é mais importante, o principal me atrevo a dizer é o nosso entendimento e o respeito do que realmente são nossas elevações espirituais. Quando falo aqui de merecimento saliento que espiritualidade não é S.O.S. para ser chamada por tudo em tudo. Teremos nossos benefícios sejam materiais ou espirituais conforme saibamos lidar com os problemas que vivenciamos sejam bons ou ruins.
Quando a espiritualidade que nos guia e nos colocam na direção correta para que nós mesmos e com nossos atos e praticas possamos agarrar as ideias devemos ter sempre em mente o que fazer com elas. Quando recebemos algo do espiritual não é um “presente” ou algo do tipo, mas sim a resposta daquilo que estava em nosso merecimento. Precisamos ainda amadurecer no sentido de que nada nos chega do “nada” e muito menos na “hora” que nos apraza.  Não meus queridos, temos que entender que merecimento tem a hora certa da colheita, que este momento foi trabalhado para ajudar a colher quem “plantou”, portanto podemos concluir que por meio do merecimento nosso trabalho foi concluído lembrando sempre que vem somente através de nosso próprio esforço.
Quando entramos ou canalizamos nossa energia com o cosmo temos que ter bem claro que devemos estar de coração aberto para receber as orientações que nos chegam, pois é lei da vida que temos que aprender a lidar com o próximo e conosco mesmo e com todos os contra-tempos que surgem. Pois que somente se eleva quem aprende a viver bem com as diversidades da vida.
Enfim merecimento é causa de um efeito praticado por nós mesmos. Nosso espírito evolutivo tem o poder e o discernimento de fazer suas escolhas. Equilíbrio é conquista e nos traz um sentimento alegre e de bem estar com a vida. Traz também lucidez e sabedoria.
Viver em paz conosco nos encoraja a enfrentar todos os desafios em nossa caminhada. Aliados ao merecimento devemos manter nossa fé em Deus e no potencial de que somos espíritos eternos isto posto vemos a grandeza que é á vida e a linda oportunidade de podermos estar aqui.
Axé!

“Eni ti o jin si koto ko ara ehin logbon, adaniloro fi agbara k’o.”
“Aquele que cai em buraco ensina aos que vêm atrás a terem cuidado”

Por: Leonardo Maners e Iyá Lúcia Omidewá

set
18

Sobre Oyá

Na Mitologia Iorubá, o nome Oyá provém do rio de mesmo nome na Nigéria, onde seu culto é realizado, atualmente chamado de rio Níger. É uma divindade das águas como Oxum e Iemanjá, mas também é relacionada ao elemento ar, sendo uma das divindades que ao lado de Airá e Orixá Afefê controla os ventos. Costuma ser reverenciada antes de Xangô, como o vento personificado que precede a tempestade. Assim como a Orixá Obá, Oyá também está relacionada ao culto dos mortos, onde recebeu de Xangô a incumbência de guiá-los a um dos nove céus de acordo com suas ações, para assumir tal cargo recebeu do feiticeiro Oxóssi uma espécie de erukerê especial chamado de Eruexim com o qual estaria protegida dos Eguns. Oyá é a terceira Deusa de temperamento mais agressivo, sendo que a primeira é Opará e Obá é a segunda. O nome Iansã trata-se de um título que Oyá recebeu de Xangô que faz referência ao entardecer, Iansã = A mãe do céu rosado ou A mãe do entardecer. Era como ele a chamava pois dizia que ela era radiante como o entardecer.

Os nove céus são:
Orun Alàáfià. Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de gênio brando, ou índole pacífica, bondosa, pacata.
Orun Funfun. Reservado para os inocentes, sinceros, que tenha pureza de sentimento, pureza de intenções.
Orun Bàbá Eni. Reservado para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Babalorixás, yalorixás, Ogans, Ekedes, etc.
Orun Aféfé. Local de oportunidades e correção para os espíritos, possibilidades de reencarnação, volta ao Aiye.
Orun Ìsòlú ou Àsàlú. Local de julgamento por olodumare para decidir qual dos respectivos oruns o espírito será dirigido.
Orun Àpáàdì. Reservado para os espíritos impossíveis de ser reparados.
Orun Rere. Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida.
Orun Burúkú. Espaço ruim, ibonan “quente como pimenta”, reservado para as pessoas más.
Orun Mare. Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, reservado à Olodumare, olorun e todos os orixás e divinizados.
Os africanos costumam saudá-la antes das tempestades pedindo a ela que apazigue Xangô o Orixá dos trovões, raios e tempestades pedindo clemência.
Oferendas: àkàrà ou acarajé, ekuru e abará.

ago
08

Òsóòsi


Òsóòsi está diretamente relacionado com a noite e com a lua, pois como caçador era quem desbravava as matas descobrindo os lugares onde iria construir um novo habitat, formando uma nova vila ou cidade. Assim lhe cabia a missão de defender a nova morada à noite, como um òsó (guarda–noturno).
Olofin Odùdúwà, Rei da cidade de Ifé, em uma das festas para celebração da colheita dos inhames novos foi surpreendido por um enorme pássaro que pousou sobre o teto do palácio. Este pássaro malvado havia sido enviado por Ìyàmí Òsòròngá, as Senhoras dos Pássaros. Querendo que o animal fosse abatido, o Rei mandou chamar vários arqueiros.
Da cidade de Ido veio ÒSÓTOGUN, o caçador de vinte flechas. De More veio ÒSÓTOGÍ, o caçador de quarenta flechas. De Ilare veio ÒSÓTADOTA, o caçador de cinquenta flechas. E finalmente de Iremàá veio ÒSÓTOKANSÒSÒ, O CAÇADOR DE UMA SÓ FLECHA.
Temerosa pelo fracasso do filho, a mãe de ÒSÓTOKANSÒSÒ foi buscar auxílio de um Bàbàlawò para que seu filho não fracassasse na missão determinada pelo Rei. Foi-lhe recomendado que se fizesse um etùtù para aplacar a ira de Ìyàmí Eléye (Minha Mãe dos Pássaros).
Os três primeiros caçadores fracassaram, mas no exato momento em que a mãe de ÒSÓTOKANSÒSÒ fazia sua oferenda, o pássaro relaxou sua guarda, e o caçador de uma só flecha consegue atingir o animal, matando-o. Todos festejaram alegres cantando e gritando: “ÒSÓWUSI!” (Òsó é popular!), que depois veio a transformar em Òsóòsi.

FONTE: Cultura e Filosofia Africana

jul
19

Owó – Dinheiro


O dinheiro é o meio usado para a troca de bens, atualmente usado na forma de cédulas e moedas, mas anteriormente muitos itens eram usados como dinheiro: metais, tecidos, pedras preciosas, sal, conchas, sendo este ultimo muito usado pelos iorubás. A concha, mais precisamente, búzios, eram a moeda corrente do antigo povo Iorubá, quem possuía muitos búzios era muito rico e importante na comunidade e disso tudo restou apenas à importância do búzio como representação do dinheiro, já que a moeda atual é em cédulas. Os devotos de Orixás não devem ter visão que o dinheiro é ruim ou é algo sujo, tanto que existe uma divindade para isso, Ajé Sálúgà, divindade que propicia riquezas a seus devotos. Leia o trecho abaixo de um Ìtàn Ifá:

“Olagbirin, aquele que jamais recusa um combate, está na miséria. Ele vai consultar Ifá.
“Que fazer para ter dias melhores?”
Os adivinhos o aconselham a fazer oferendas. Oferendas de dezesseis galinhas d’angola, dezesseis coelhos e trinta e dois búzios da costa. Olagbirin é um caçador.
Não é difícil para ele encontrar no campo as galinhas d’angola e os coelhos. Com trabalho e muito esforço, ele consegue juntar o dinheiro necessário e faz a oferenda.”

Observe que o adivinho o aconselhou a realizar uma oferenda e entre os itens dela estavam 32 búzios da costa. Vemos o “dinheiro” como oferenda, o dinheiro é parte da oferenda, ele está no ebó de forma direta (fazendo parte da oferenda) ou indireta (no pagamento pelo axé do sacerdote). Pagar o sacerdote é algo que não deve ser visto com maus olhos, sendo que ele usa seu axé para a resolução do problema do consulente, pagar o sacerdote pelo serviço é demonstrar gratidão pelo feito cometido por ele e agradecer a Orí e a divindade pelo ebó realizado. Cabe também ao sacerdote não impor preços abusivos em seus serviços, pois não é da intenção de Ifá restringir as pessoas de resolverem seus problemas por questão financeira. Quando se paga ao sacerdote, deve-se pago com gratidão e não de forma negativa, pois também faz parte do sacrifício realizado. Pagar pelo ebó não tem o mesmo significado de quando se paga por um produto, isso faz parte da oferenda.

FONTE: História e Cultura afro-brasileira

jul
09

O surgimento do Ekodidé

Conta a lenda que Oxalá, numa de suas caminhadas pelo mundo, iria passar pela aldeia de Oxun, onde pretendia parar e descansar.
Exú, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxun que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade. Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca. Oxun cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá. Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxun não se lembrou de convidar as Iya-mi para a grande festa. As feiticeiras não perdoaram essa desfeita. Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxun perante os convidados. No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxun, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém. Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxun, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada. Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia. Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz. Oxun, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se. O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.
Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido. Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos. Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho. O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada. Exú, a pedido de Oxun, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido. Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam, inclusive a de Oxalá. Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha (ekodidé), prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.
A partir de então, essa pena foi introduzida nos rituais de feitura do Candomblé.

jun
09

Orì

ORÌ

Uma das mais importantes Divindades na compreensão das crenças Yorubás é Ori. Ori é o guia de cada um e de todos para o sucesso neste mundo e também no outro (Além-Òrun). Ori é o Orisá supremo que somente se abaixa para Olodumare (Olorún). Muitas pessoas, neste país, envolvidas nesta religião, não têm conhecimento de Ori. E uma pessoa sem Ori é uma pessoa sem direção. Devemos notar que a cabeça é em geral a primeira a entrar neste mundo, e é o recipiente ou residência de todas as escolhas (opções). Para os Yorubanos a palavra Ori tem vários significados. Primeiro é o Senhor (líder) do corpo inteiro, isso porque dele pode-se perceber: Olhos, boca, nariz, ouvido, cérebro que toma conta de todo o organismo. Assim o senhor desta divindade tão importante chama-se Olori (senhor ou proprietário de todo ORI. Isto significa que Ori é sem dúvidas o senhor de tudo e para superá-lo só mesmo o próprio Olodumare (senhor supremo) do destino e criador de todas as coisas no mundo físico e também espiritual, deste modo superior a Ori e assim Olodumare é criador também do Ori. No corpo humano Ori (cabeça) se divide em dois: cabeça física onde se encontra o cérebro que usamos para pensar e o cérebro para controlar o corpo e é o nosso guardião mesmo em estado de inconsciência. Em conclusão o corpo depende de seu Ori (cabeça). De outra forma o Ori espiritual divide também dois sendo: Ápárí-Inú (parte externa espiritual do próprio Ori e Ori-Apere que seria o Deus individual de cada pessoa, representado o destino que cada pessoa carrega. (AKÚNLENYAN, ÁKÚNLÉGBÁ É ÁYÁNMÓ).

• AKÚNLEYAN: É a parte do destino que o espírito ao se preparar para encantar na Terra pega na casa de Ajala (oleiro divino).

• ÁKÚNLÉGBÁ: É uma parte que seve como elemento complementar do AKÚNLEYAN.

• ÁYÁNMÓ: – É a parte do destino que impossibilita mudança, a isto por que esta relacionado a coisas com a Mãe, o Pai, Irmão e família de um modo geral

• ÁPÁRÍNÚ: – É a parte interna espiritual do Ori e é individual ao caráter do homem, é possível que o homem nasça para o mundo acompanhado de um Bom Destino no entanto se o caráter desta pessoa for Ruim pode ser transformado em destino também Ruim.

Para termos idéia quanto á importância e primazia do ORÍ em relação aos demais ÒRÌSÀ, um Itan do ODÙ OTURA-MEJÌ, ao contar a historia de um ORÍ que perdeu no caminho que o conduzia do ÒRUN para o AIYE, relata;

“…ÒGÚN chamou ORÌ, e perguntou-lhe: você não sabe que você é o mais velho entre os ÒRÌSÀ?” Sem receio podemos dizer, “ORÌ mi a ba bo ki a to bo ÒRÌSÀ”, ou seja: Meu ORÌ, que tem quer ser cultuado antes que o ÒRÌSÀ”. E ainda tem o Oriki dedicado à ORÌ que nos fala que “Ko si ÒRÌSÀ ti da ngbe lèyin ORÌ eni”, significado: “Não existe um ÒRÌSÀ que apóie mais o homem do que o seu próprio ORÌ”.
Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas às ações negativas ou maldade de outras pessoas (inveja, olho ruim, despeito, e ainda assim continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitem a sobrevivência e, inclusive muitas vezes, mantém resultados, adequados de realização na vida, podemos dizer, “ENIYAN KO FO KI ORU FI ASO, ORÌ ONI NI SO NI”, ou seja: “As pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI resistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com á vida, apesar das dificuldades que ele enfrenta. Esta é a razão pela qual o BORI, forma de louvação e fortalecendo do ORI é utilizar em nossa religião é utilizada muitas vezes precedendo, e até substituído um EBÓ. Isso fará com que a pessoa venha a encontra recursos internos adequados, esta de que falamos, seja á adequada ou ajuntamento de suas condições frente ás situações enfrentadas, seja quando ao fortalecimento de suas de energia e conseqüente integração com sua fontes de vitalidade. É importante dizer que é o Ori que nos individualiza e, por conseqüência, nos diferencia dos habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparência físicas nos permite qualquer referencia de identificação dessas diferenças. Sinalizadas essa condição, tal vez uma das maiores lições possamos receber com respeito à ORI possa ser extraída do Itan ODÚ OSÁ MEJI que reproduzimos a seguir e que é a resposta que foi dada por Ifá para MOBOWU,esposa de ÒGÚN quando ela foi lhe consultar:

“ORÌ burúku ki i wu tú ulu
A ki da ésé asiwereé mô lójé- Óná
A ki um’Ori oloyé láwújo
A difa fun Mobówó
Ti i se obírin ÒGÚN
Ori ti o jôba Lola
Enikan ó moo
Ki toko-taya ó mó pé raa wôn wéré mô
ORÍ ti joba Lola
Eníkan ó mó”.

TRADUÇÃO

“Uma pessoa de mau Ori não nasce com a cabeça diferente das outras
Ninguém consegue distinguir os passos de um louco na rua
Uma pessoa que é Líder não é diferente
E também é difícil de ser reconhecida
É o que foi dito á Mobowu, esposa de ÒGÚN, que foi consultar IFá
Tanto esposo como a esposa não deviam se maltratar tanto (brigarem espiritualmente),
O motivo é que Orí vai ser coroado
E ninguém, sabe como será o futuro da esposa”.

Para os Yorubás o ser humano é constituído dos seguintes elementos: ARA, ÓJIJI, OKAN, ÈMI e ORÍ.

ARA : É o corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes.
ÒJÍJÍ: e a “sombra” humana, a representação visível da essência espiritual.
OKAN: é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
EMI: é esta associado a respiração, é o sopro divino. Quando um homem morre, diz-se que seu Emi partiu.

jun
01

Candomblé e Meio Ambiente

Segundo a tradição Iorubá, o mundo foi criado em quatro dias.

Olodumare, o Deus todo poderoso colocou no Ayê (terra) os rios, os mares, os ventos, as florestas, os animais e por fim o homem! Olodumare em primeiro lugar preparou a Terra e fez dela um paraíso perfeito onde os homens, seus filhos, pudessem habitar e sobreviver com harmonia. O criador fez com que nosso planeta provesse tudo para nós. Olodumare deu condições a Terra para que nossa permanência aqui e de todos os seres vivos se tornasse agradável. E nós seres humanos, dotados de inteligência e capacidade de discernimento, como estamos cuidando de nosso lar? Não me refiro ao lar feito de tijolos, mas nosso lar a Grande Mãe Terra. Este lar que Olodumare mobiliou e nos entregou. Será que estamos cuidando como cuidamos de nossos lares de tijolos? Ao meu ver, nós, Povo de Santo, somos adoradores da Natureza. Quando louvamos Oxum ou Logun-Edé estamos louvando também os rios, quando louvamos Iemanjá louvamos o mar, Oxossi as matas, Exú e Ogum os caminhos, Ossãe o poder curativo das ervas, e assim por diante. E se nós começamos a destruir a Natureza dada com tanto amor por Olodumare, o que poderá acontecer? Claro que a devastação total. E aí nós seremos responsáveis pela morte do nosso maior patrimônio: Os Orixás. E conseqüentemente, como cada ação requer uma reação, nossa falta de respeito à Natureza, aos Orixás, se voltará contra nós mesmos, pois morrendo a Natureza, morrem os Orixás, e assim morreremos também. E aí se dará o grande cataclisma tão temido pelos cristãos. Neste caso o cataclisma será obra do Criador? Claro que não, mas sim do homem.  Quando digo que ao acabarmos com a Natureza acabaremos com nossos Orixás, aviso as “Igrejas Eletrônicas e seus seguidores” que o fim dos Orixás é o fim da Natureza, o fim da vida, portanto não se animem e muito menos se aventurem. Chamo à atenção de nossos irmãos Babalorixás, Ialorixás, adeptos e simpatizantes das Religiões de Matrizes Africanas, Espíritas, Umbandistas, e qualquer religião, para que entendam que dependemos dos mares, rios, lagos, florestas e atmosfera limpos. Portanto, nós, Povo de Santo, Povo de Axé, temos obrigação de cuidarmos e preservarmos a Natureza, para que nossos Orixás sobrevivam e nosso culto também.Uma maneira de contribuirmos com o equilíbrio do ecossistema seria: ao colocarmos os Ebós ou despachos de rua fazermos em folhas de banana ou mamona, ao invés de colocarmos em alguidares, talhas, quartinhas e tigelas. Não é necessário deixarmos garrafas ou copos em encruzilhadas, as velas podem ser acesas nos Pejís antes de sair com a entrega. Toda oferenda pode ser colocada em folhas, que se deterioram e torna-se adubo para a nossa terra, e também não polui. Os Orixás e outras entidades não se alimentam de alguidares, garrafas, etc. Podemos fazer oferendas sem sujar. (Kosi Ewé, Kosi Orixá – Sem folha não há Orixá). Podemos desta maneira cuidar melhor do meio ambiente e darmos bom exemplo.

Não esqueçam: Dependemos da Natureza para mantermos nossa Religião e nossos objetivos religiosos. Se procurarmos respeitar a Natureza, preservando-a, com certeza os nossos Orixás cada vez mais nos abençoará e nos dará mais AXÉ.

O Candomblé é uma religião na qual a Natureza é de grande importância. Dela depende o Axé primordial e deriva todo o panteão dos Orixás, que representam a força de Olodumare.

Adupé

12º Encontro para a Nova Consciência – O Pensamento da Cultura Emergente – Campina Grande / PB

De 28 de Fevereiro a 04 de Março de 2003

FOTO: Ogan Gibson d’Ogum (em 26.05.2013)

maio
28

Itàn: Porque Ogun veste-se de Màríwò

Uma antiga lenda, conta que havia um mercado na cidade de Ire, conhecido por ser um mercado cheio de sofrimento, mas que apesar do sofrimento, o grande Deus da Adivinhação, Orunmilá conseguiu lá a sua prosperidade. Sabendo disso, Òsàlá também almejou a prosperidade, procurando saber com Orunmilá, o que ele deveria fazer para passar pelo sofrimento e conseguir o seu objetivo. Orunmilá recomendou à Òsàlá que fosse ao mercado, mas que tivesse muita paciência, pois assim conseguiria sua prosperidade. Assim Òsàlá o fez. Na primeira ida ao mercado, Òsàlá não encontrou nada, somente um Ìgbín (caramujo consagrado a Òsàlá), cobrando-lhe pedágio. Òsàlá novamente foi ao mercado e não encontrou nada, além do sofrimento e do Ìgbín que novamente lhe cobrou o pedágio. Mesmo a contragosto, Òsàlá recordou-se que deveria ter paciência, caso desejasse a prosperidade. Na terceira vez que foi ao mercado, ele novamente pagou o pedágio ao Ìgbín, contudo, ao invés de sofrimento, ele encontrou uma grande riqueza, o tornando um grande Rei próspero.

Ao saber que Òsàlá havia conseguido sua prosperidade no mercado do sofrimento, Ògún também procurou saber com Orunmilá, como também tornar-se próspero. Orunmilá lhe disse que ele deveria ser paciente e, em hipótese alguma, deveria usar o seu Alada (Facão) e seu Porrete (Kumo). Ògún de posse das orientações de Orunmilá, foi até o mercado do sofrimento, chegando lá deparou-se com um cachorro no portão, cobrando-lhe pedágio para entrar. Ògún achou inaceitável um cachorro lhe cobrar pedágio e, num impulso imediato, pegou seu Alada, ferindo o cachorro até a morte.

Todos gritaram: “Ele matou o Onibode” (o guardião do portão), todos começaram a chorar e, com vergonha, Ògún correu mata adentro, onde havia uma grande plantação de Labelabe (uma planta cortante, chamada em Salvador de Tiririca). As folhas de labelabe cortaram toda a roupa de Ògún. Quando ele saiu da mata, chegando a praça principal da cidade, ele estava completamente nu. As pessoas então gritaram “Ògún Kolaso” (Ogun não se cobre com roupas). Novamente envergonhado, Ògún olhou um Igi Ope, arrancando-lhe o broto e vestindo-se com o Màrìwò. As pessoas, por sua vez, exclamaram: “Màrìwò Asò Ògún-o Màrìwò” (Mariwo é a roupa de Ògún, o Mariwo). Como forma de arrependimento, Ògún desde então, passou a usar o Màrìwò como a sua vestimenta, sendo que as palavras entoadas na ocasião, são cantadas até os dias de hoje, nas festas dedicadas à Ògún, na Casa de Òsùmàrè.

Jamais se esqueçam, devemos sempre ter paciência à busca da prosperidade.

maio
16

Iwà nikàn l’ó sòroo! Caráter é tudo do que se precisa!

Quando nos ajoelhamos aos pés de Olodumare, Àjàlá (escolhemos o nosso Ori), o nosso destino, sabemos que uma parte dele pode ser mudada (ÀKÚNLÈYÀN, livre arbítrio); com boa vontade podemos melhorar nossa qualidade de vida temos que ter iniciativa, podemos melhorar nossa educação e a nossa formação pode ser aperfeiçoada. O homem veio a terra para evoluir, isso depende muito de suas atitudes e de seu comportamento, para atingir esse objetivo, contamos com a orientação de Ifá. Eleri Ipin, a testemunha na hora da escolha do nosso destino. ele é o único que pode nos mostrar o caminho certo a ser seguido. Esse é a função de Orunmila, determinada por Olodumare (Deus), acompanhar o desenvolvimento humano, ele é o único que pode nos mostrar o caminho certo a ser seguido. A composição do Orí àpéré, destino escolhido por nós, sob a ótica da Religião Tradicional Yoruba e suas consequências: A falta de evolução pessoal e o não cumprimento do seu destino certamente impede que o individuo venha ser cultuado como antepassado após sua morte, isso se torna evidente, pois quem gostaria de homenagear um espirito, que não buscou sua evolução, um espirito que não contribui em nada durante a sua vida na terra. AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade própria, livre arbítrio. AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN. AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo: Pais, sexo etc… Ìwà Rere quer dizer, bom caráter, um dos principais requisitos para se tornar digno de ser cultuado por seus descendentes após sua morte. Apari-Inu representa o caráter à natureza humana, Ori Apere representa o destino. Um indivíduo pode vir para a terra com um bom destino, mas se ele vem com mau caráter, à probabilidade de cumprimento, do seu destino é comprometida. Isso é o que popularmente se chama de pobre de espirito, a sabedoria popular é fantástica também existe uma frase que diz, o castigo deve ser adequado ao caráter do culpado.

Iwà nikàn l’ó sòroo! Caráter é tudo do que se precisa!

*Postado por Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà

maio
15

ELENINI – O guardião da Câmara Interna do Palácio Divino de Deus

* COMO O HOMEM VEIO DO CÉU PARA A TERRA

* ELENINI – O GUARDIÃO DA CÂMARA INTERNA DO PALÁCIO DIVINO DE DEUS

Há sempre a tendência de ver o homem absolutamente de uma perspectiva biológica. Um homem e uma mulher unem-se e uma criança nasce deles, a criança nova é vista como uma identidade independente. Nós já vimos que no início da colonização terrestre, seres humanos viajavam para este mundo sob as ordens de uma ou outra das divindades. Nós veremos que a permanência de um homem no mundo é simplesmente uma continuação de suas atividades no céu. Nós já vimos que antes do homem vir viver no mundo, os habitantes do céu viajaram a pé para a terra, completavam suas tarefas na terra e retornavam para o céu. Foi Èsù quem bloqueou a livre passagem entre o céu e a terra e fez do útero feminino o caminho de passagem entre os dois lugares. Então antes, a pélvis em todos os animais como nas plantas era na cabeça, mais especificamente na testa e também não era reconhecida e nem respeitada, tanto nos animais como nos seres humanos. A pélvis, que era um organismo vivo no céu, foi para a divinação e lhe foi dito para fazer sacrifício com um bode preto para Èsu e assim foi feito. Depois disso Èsu pediu a fêmea para abrir suas pernas e tirou a pélvis para fora de sua testa e a posicionou entre as pernas dela. Ele então extraiu uma parte do couro do corpo do bode com o qual a pélvis havia lhe feito o sacrifício, e Èsu usou o para revestir a pélvis completamente no seu novo domicílio entre as pernas femininas. Depois disso Èsù foi até a fronteira entre o céu e a terra e a bloqueou para sempre com uma escuridão total. Aquela parte do sistema planetário a qual se aproxima na mitologia grega do chamado Erebus. Foi Èsu quem bloqueou permanentemente e ordenou que fossem guardados os portões do céu, permanentemente ocupado por viajantes vindos da terra para pedir por crianças no céu, a partir daí, qualquer um, animais e seres humanos igualmente que queriam ter crianças apelariam à pélvis; e o útero de todas as fêmeas foi feito para simbolizar a escuridão e o mistério da passagem pelo Erebus. O período de gestação que leva para uma fêmea dar a luz a um jovem, também se aproxima do tempo levado pelas diferentes espécies de famílias animais para viajar do céu, do tempo que uma criança leva. Nós veremos como a atração mútua entre os órgãos reprodutores de macho e fêmea veio a caracterizar a base de toda a existência. Nós também descobriremos como o pênis e a pélvis por um lado e o óvulo e o espermatozoide no outro, fizeram o sacrifício para tornar possível a eles cooperaram para dar a luz a uma criança do céu. Antes de vir para o mundo, todos os seres humanos fazem seus próprios pedidos e comprometimento no PALÁCIO DIVINO DE DEUS. Alguns preferem fazer visitas breves ao mundo e retornar ao céu tão rapidamente quanto eles vieram. Outros preferem retornar na fase inicial da vida, meia idade, enquanto outros preferiam retornar na idade madura. Quando nós fazemos nossos pedidos no altar divino no Palácio de Deus, o servo favorito de Deus, chamado INFORTÚNIO, a mais poderosa das divindades, é a única presente. Os Yorùbá chamam-no ELENINI enquanto os Bini o chamam de Ido-Boo. Esta é a única força capaz de ser obstáculo à realização do nosso destino na terra, por que ele está presente quando nós fazemos nossos votos de vida. Aqueles que são cuidadosos o suficiente em pagar homenagem a ele antes de partida do céu recebem uma licença para ir ter com seus negócios na terra sem problemas ou obstáculo.

A INFLUÊNCIA DO OBSTÁCULO DIVINO NO NOSSO DESTINO

Iworígogbe, um dos Odu mais velhos (discípulo) de Orúnmìlá, revelará mais tarde a influência em nossas vidas da divindade chamada Infortúnio. ELENINI (Ido-Boo) é o GUARDIÃO DA CÂMARA INTERNA DO PALÁCIO DIVINO DE DEUS, aonde todos vamos nos ajoelhar para fazer os pedidos e juramentos para a nossa permanência no mundo. Uma vez tendo completado as providências para nossa partida, seremos conduzidos por nossos “anjos guardiões” à câmara interna, aonde fazemos nossos próprios desejos. Deus não nos conta o que vai ou não vai acontecer conosco ou nos dar algum desígnio especial. Tudo aquilo que vemos, desejamos fazer ou transformar, Ele simplesmente abençoa dizendo: “- QUE ASSIM SEJA MINHA CRIANÇA!”. Quando Iworígogbe estava indo para a terra, ele fez um pedido, que queria modificar a face da terra, eliminando todo mal e elementos viciosos. Para ser capaz de executar sua tarefa, ele solicitou de Deus um poder especial sobre a vida e a morte. Deus respondeu que seu pedido estava concedido. Envolvido pelo poder concedido a ele por Deus, partiu rapidamente em sua jornada para a terra. Seu anjo guardião o relembrou da necessidade de assegurar seus pedidos com ELENINI a mais poderosa divindade, mas ele disse ao seu anjo que não havia força maior que Deus e desde que ele tinha obtido autorização divina, não via porque se justificar com alguma divindade inferior. Assim que deixou o palácio divino, ELENINI inverteu os desejos de Iworíbogbe. Na chegada a terra, ele descobriu que ao contrário de seus pedidos, estava se encontrando por acaso em dificuldades. Veio a saber que tudo aquilo que ele pediu estava acontecendo sempre ao contrário. Quando ele rezava para pessoas viverem, eles morriam, enquanto aqueles que ele desejava mortos viviam. Ele se tornou muito amargurado e desiludido, por que ninguém se atrevia a ir até ele para consultar o oráculo, ou pedir auxílio, desde aquilo que havia feito, pagava muito caro por isso. Após passar fome dentro de sua frustração por algum tempo, ele decidiu retornar ao céu. Chegando ao céu, ele foi ao seu anjo que o relembrou do aviso dado a ele antes da partida do céu.  Foi neste ponto que ele concordou em ir ao oráculo, aonde foi informado a fazer sacrifícios elaborados para ELENINI, a mais velha das divindades. Ele fez o sacrifício e retornou subsequentemente para a terra para uma vida produtiva e realizada.

A OBRA COMPLETA DE ?RÚNMÌLÁ A SABEDORÍA DIVINA
Autor: Mr. Cromwell Osamaro

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